Esta era a corrida do ano se tivesse terminado ao intervalo, pois a segunda parte foi a menos, mas…
Resumindo: O “Furacão” Diego Ventura encantou, mas não provocou prejuízos de maior em Portalegre. O rejoneador esteve bem, mas longe daqueles grandes triunfos que ficam na memória de todos nós. O temporal não passou de uma ameaça. Apenas pingou e soprou um ventinho, mais nada.
Moura Jr defendeu a honra da casa, o último dos redutos do reino mourista, conquistado ao longo de tantos anos, de tantas tardes e tantas noites pelo seu pai, Mestre João Moura. Portalegre ainda é dos Mouras!
Rui Fernandes, que está a fazer uma campanha recheada de êxitos em Portugal e Espanha brilhou no primeiro e, no segundo, deu a volta a um toiro completamente cego, mas não "partiu a loiça toda" como fez no dia antes na Nazaré porque não teve oponentes para o efeito. Mesmo assim, conquistou um lugar de relevo para a próxima corrida de Portalegre. Por mim, estava já contratado.
Vamos então por partes: Diego Ventura esteve bem a receber, a mexer nos toiros, mas depois baseou muito as sortes pela igualdade, ou seja, não variou o toureio e isso arrefeceu um pouco o público. O Morante mordeu no segundo toiro do lote do de Sevilha para delírio dos ¾ de casa, mas faltou ali mais qualquer coisa para justificar (dizem) os alegados 60 mil euritos que veio receber.
Rui Fernandes esteve em grande nível no primeiro, desenhando sortes vistosas, a bregar com qualidade e a ladear com ofício. Triunfou.
Depois, quando ia para tourear o segundo, este quando saiu à praça vinha com problemas e recolheu. Depois estava preparado para lidar o sobrero e este antes de sair à arena desembolou-se e por fim, quando saiu ao ruedo, todos tiveram oportunidade de ver que o animal era cego de uma das vistas.
Mesmo assim o toureiro não desmoralizou. Deu a volta ao toiro. Com trabalho e ganas.
O cavalo “Vivaldi” também ajudou, como outras montadas. No final o público pediu mais um ferro e Rui saiu em plano de triunfo. Não era de certeza aquele triunfo que queria, mas triunfou.
No conto geral Moura Jr levou a melhor. Teve por diante o melhor lote, é certo, mas foi aquele que andou mais regular nas duas actuações.
Os ferros a quiebro foram vistosos, os palmitos em terrenos apertados e sem saída chegaram ao público, tendo só pecado pelo excessivo número de passagens em falso.
Mas uma coisa é certa: O público de Portalegre foi para se divertir. Bateu palmas quando considerou que o deveria fazer e arreou uns assobios valentes aos toureiros quando esses o mereceram.
Os toiros de Fermin Bohorquez quanto a mim não serviram. Com o oito ferrado na espádua deixaram-se, mas não justificaram ocupar o lugar de uns “Passanhas” ou de uns “Guiomares” que são tão do agrado das grandes figuras…Daquilo também há cá em Portugal e a um preço mais reduzido…
Quanto às pegas, a noite sorriu para os forcados de Portalegre com três pegas ao primeiro intento.
Foram solistas André Neves, Nelson Nabiça e Nelson Batista, este último numa grande pega.
De destacar que Nelson Nabiça despediu-se. Um grande forcado até ao final, pois brindou a sua pega ao cabo que o formou, Joaquim Carvalho do grupo de São Manços e a Fernando Coelho, antigo cabo dos de Portalegre que o acompanhou quando este se transferiu para os do Norte Alentejo.
O grupo de Monforte teve uma noite para esquecer, ou melhor para recordar…
O grupo ajudou mal e esse erro foi pago com um preço elevado. Algumas lesões e dissabores.
Foram solistas Nelson Catambas à segunda, Rui Russo à quarta e Luís Aranha ao terceiro intento.
Dirigiu Agostinho Borges assessorado por José Guerra e o cornetim de serviço foi o portalegrense Nuno Narciso.
A embolação esteve a cargo do grande José Paulo.
Nota +: O grande ambiente antes da corrida e a ousadia da empresa Gestoiro em montar este cartel de figuras em Portalegre.
Nota -: Os toiros que custaram um balúrdio e não serviram na generalidade para os três toureiros. Volto a dizer: Daquilo também nós temos e a um preço mais reduzido.