Mais uma dor de cabeça para a ANGF...
Mais um tema para discutir na próxima assembleia...
Diogo Palha é para já o empresário- proprietário de um meio de comunicação social da especialidade/ opinion maker/ ex dirigente da ANGF/ ex cabo do Grupo de Vila Franca/ ex forcado do Grupo de Santarém, a levantar a questão.
Diogo questiona num artigo de opinião, no site "tauromania", a antiguidade do Grupo dos Amadores da Moita.
O referido grupo foi recentemente homenageado pela autarquia da Moita, durante a feira taurina que aí se realiza.
Palha critica o grupo, a homenagem da autarquia e considera isto tudo uma enorme "fantochada".
Grande Palha, polémico como és ainda acabas na nossa redação...a do "Farpas".
Com a devida vénia ao site tauromania e ao autor do texto, publico aqui o seu artigo de opinião:
Uma fantochada na Moita
por Diogo Palha
16 de Setembro, 2010
16 de Setembro, 2010
Na passada terça-feira na Praça de Toiros Daniel do Nascimento, na Moita do Ribatejo, uma das mais aficionadas localidades do nosso país e terra onde se realiza a única Feira Taurina digna desse nome, a Edilidade local resolveu homenagear o Grupo de Forcados Amadores da Moita pelos seus 109 anos(?). O Grupo de Forcados Amadores da Moita aceitou a homenagem.
Este acontecimento é uma fantochada em si mesmo e creio que deveria ser o Grupo de Forcados Amadores da Moita o primeiro a não querer entrar neste tipo de cerimónias que, por não serem verdadeiras, em vez de darem prestigio mais não fazem do que retirar prestigio e respeito.
Um Grupo de Forcados Amadores com “G” grande é uma Entidade concreta que tem uma história concreta, que tem um princípio e um meio e que porventura terá um fim. O Grupo de Forcados Amadores da Moita, este que existe e que é uma realidade concreta, composto por pessoas concretas, não começou em 1901 pelo que não devia comemorar 109 anos, simplesmente porque não tem 109 anos.
Em 1901 anunciou-se um grupo de Forcados amadores da Moita. Era uma coisa normal no final do século XIX e principio do século XX que se anunciassem nos carteis “um grupo de forcados amadores de não sei onde”. Aliás os cartéis anunciavam “um grupo” e não “o Grupo”, simplesmente porque o que acontecia era que para aquela corrida especifica se juntavam um grupo de homens para a pegar e quando esses homens eram da mesma terra então anunciava-se um grupo de forcados de tal terra. Acontecia também anunciar-se “um grupo de forcados chefiado pela pessoa X”, o célebre Artur Garrett era assim muitas vezes anunciado, por exemplo. Na época não existiam Grupos formados como entidades que perduravam tal como aconteceu a partir do Grupo do Ribatejo que depois foi extinto e deu origem ao Grupo de Santarém.
Cartazes com mais de 100 anos a anunciar “um grupo de forcados amadores de …” existem em Évora, Vila Franca, Alcochete, Moita, etc., mas isso não significa que os Grupos actuais destas terras tenham mais de 100 anos.
Dizer que o Grupo de Forcados Amadores da Moita faz 109 anos porque há 109 anos se anunciou um grupo de forcados amadores da Moita é tão ridículo como de hoje para amanhã termos um Presidente da Republica chamado Chico Henriques que diga que a sua família chefia o Estado português há quase 900 anos pois o primeiro Rei de Portugal também tinha o apelido Henriques.
Ora não é correcto que alguém se aproprie de uma idade que não lhe corresponde porque o que dá importância à idade não é o facto de ter passado o tempo mas sim o que se fez durante esse tempo. Manter-se, em continuidade, é que é difícil e é isso que deve ser comemorado e homenageado.
Outro exemplo que seria ridículo: o Grupo de Forcados Amadores dos Riachos inaugurou o Campo Pequeno em 1892. Depois este Grupo extinguiu-se. Num passado mais recente houve novamente um Grupo de Forcados Amadores dos Riachos que também se extinguiu. Se para o ano aparecer novamente um Grupo de Forcados Amadores dos Riachos será legitimo que em 2012 comemore 120 anos? É obvio que não! Mas pela lógica do Município da Moita e do Grupo de Forcados Amadores da Moita parece que sim.
Seria engraçado o Livro da história desse Grupo dos Riachos: se cada página fosse ilustrativa de um ano teríamos a página da fundação com texto, a página 120 com texto e entre as duas 118 páginas em branco.
O mesmo acontece se o Grupo dos Amadores da Moita quiser fazer um livro da sua história começando em 1901. Quantas páginas ficarão em branco?
Idêntica situação tem ocorrido com o Grupo do Ribatejo. A história conta que houve um Grupo do Ribatejo fundado em 1905, comandado por Jayme Godinho e do qual fez parte António Abreu, que em 1915 se extinguiu e deu origem ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Existe um cartaz em casa da família Veiga Teixeira onde se anuncia isto mesmo, a extinção do Grupo do Ribatejo que passará a ser Grupo de Santarém.
Muitos anos depois, nos anos 60 ou 70 formou-se novamente um Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo. Actualmente este Grupo, que desde essa altura até hoje até já teve interregnos, apropria-se da data de fundação de 1905. Curiosa esta maneira de fazer história: Fundámo-nos em 1905, entre 1915 e 1970 não existimos, depois aparecemos outra vez, por isso em 2010 comemoramos 105 anos dos quais em pelo menos 55 não existimos.
Muitos anos depois, nos anos 60 ou 70 formou-se novamente um Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo. Actualmente este Grupo, que desde essa altura até hoje até já teve interregnos, apropria-se da data de fundação de 1905. Curiosa esta maneira de fazer história: Fundámo-nos em 1905, entre 1915 e 1970 não existimos, depois aparecemos outra vez, por isso em 2010 comemoramos 105 anos dos quais em pelo menos 55 não existimos.
Espero que o Grupo de Beja, que apareceu há uns anos, depois de muitos anos extinto, não caia na tentação de comemorar aniversários como se existisse desde o tempo do pai Caixinha…
Nada tenho contra o Grupo da Moita, nem contra o Grupo do Ribatejo, nem contra nenhum outro. Desejo-lhes a melhor sorte e que peguem os toiros com arte e valentia mas não posso deixar de sentir desprezo por este tipo de comemorações e homenagens completamente sem sentido, onde se quer fazer passar uma verdade que é mentira.
Que o Municipio da Moita queira homenagear os seus Grupos de Forcados, eu acho muito bem. Mas que o faça pelos feitos reais que estes Grupos com certeza realizam e não com uma fantochada como a da passada terça-feira.