SEMPRE A BEM DO FORCADO
José Barrinha da Cruz,
pessoa atenta ao que se passa no nosso meio tauromáquico. Nomeadamente como é
compreensível pois também vestiu a jaqueta de ramagens, no tocante aos
forcados. Tal facto levou-o a fazer um reparo, sugestão à ANGF. Esta entidade
respondeu, sentia-se com certa displicência, certamente após Assembleia Geral,
pois o seu Presidente José Fernando
Potier, diz ser apenas um porta voz do que os associados decidem em A.G.
Segundo Barrinha da Cruz,
a ANDT-Associação Nacional Dos Toureiros, pediu uma reunião com o Inspetor
Geral das Atividades Culturais, para tratar de assuntos de interesse para a
classe que representa. Com oportunidade e razão, sugeria então B.C., que a
ANGF-Associação Nacional dos Grupos de Forcados, tivesse iniciativa semelhante.
Que pedisse uma reunião à Comissão de Tauromaquia do Conselho Nacional da
Cultura, para abordar o caso dos ferros que os cavaleiros tauromáquicos usam na
lide dos toiros. Confirmar se no Artº 43º do projeto de regulamento
tauromáquico que há onze anos espera homologação, há alguma alteração que leve a que o risco que
os ferros têm para os forcados não seja tão gravoso como, infelizmente, já tem
sido.
A esta adequada lembrança
de B.C. a ANGF (no comentário vem o nome do Presidente, mas como ele
diz que apenas faz o que a A.G. delibera, o que ela determina, o que o manda
fazer…), com certa arrogância, revelando falta de memória e denunciando fragilidade
ou incompetência respondeu: “não sei se sabe
mas a ANGF já fez o trabalho de casa há muito tempo. A Direção da ANGF fez tudo o
que estava ao seu alcance para que a utilização de ferros de segurança, fosse
implementada tão
breve quanto possível”. E se sabe não
sei se sabe mas a ANGF já fez o trabalho de casa há muito tempo, não sei se
sabe mas a ANGF já fez o trabalho de casa há muito tempo fosse implementada
Ora a ANGF em 2001, dizia na sua declaração de intenções, que iria ser
estudado o caso das bandarilhas. Que iria apresentar a situação, com a
finalidade de serem usadas em Portugal as bandarilhas à espanhola, protegendo
assim os forcados de um perigo acrescido que tantas vítimas já tem feito. Como se vê a
intenção era boa. Foi até a principal razão porque eu, gostando dos forcados como
gosto, recebi a notícia da formação da ANGF com euforia. Que, infelizmente, foi
substituída por um sentimento de deceção.
A ANGF (não o jovem atrevido e malcriado
que diz não saber eu do que falo) diz “já fez o trabalho de casa há muito tempo”.
Isto referindo-se à resolução de um assunto a que, na sua declaração de
intenções é de primordial importância. Pois passados “ONZE ANOS” o caso não está resolvido.
Dificuldades com os cavaleiros e alguns grupos de forcados (aqui não percebo eu…) alega. Então a
ANGF não é cabeça de cartaz como são os cavaleiros? Não tem força igual? Para mim até são os forcados que
têm mais força. Apesar do valor dos nossos excelentes cavaleiros tauromáquicos,
são os forcados que identificam a tourada, a corrida de toiros à portuguesa.
Arte de Marialva é uma coisa, rojoneio outra, mas o certo é que são duas formas
de tourear a cavalo. Para pegar toiros é que só existem aquelas que os
portugueses utilizam.
Tendo o Forcado esta força, a ANGF não
impor a obrigatoriedade das
bandarilhas de segurança, é que considero incompetência ou falta de
personalidade. O não reconhecimento do próprio valor.
A ANGF é pródiga em vetos. Castigados com eles – espetáculos, grupos de
forcados, praças, empresários. Essa autoridade é-lhe dada pelas assembleias
gerais que vai realizando. Se há essa união, porque não exigem as bandarilhas à
espanhola? Mortes e consequências gravíssimas e irreversíveis de que têm sido
responsáveis os ferros espetados nos toiros, justificariam e tornariam compreensível
tal imposição. A ANGF recomendava aos seus filiados, a recusa de entrar em
espetáculos em que não houvesse a certeza do uso de bandarilhas de segurança.
Apreciando dar vetos como aprecia, quem não cumprisse… veto para cima. Neste
caso recebidos com simpatia.
Isto está mais comprido do que queria, mas é um tema pelo qual me interesso
muito. Não consigo parar. Mesmo que esteja a escrever só para mim, sinto-me
bem. Desabafo. Antes de terminar.
A Assembleia Geral da ANGF, em resposta ao José Barrinha da Cruz, diz que o
caso dos ferros já está previsto no tal novo regulamento. Como tenho um
exemplar, fui consultá-lo. A não ser que a idade já me esteja a perturbar o
raciocínio e, como diz o ANGF, já não saiba o que digo, parece-me que na
resposta que esta deu a Barrinha da Cruz, no tal “sebastiânico” regulamento,
continua a perigosidade desnecessária dos ferros. Parte-se o ferro e ficam 35cm
na rês, diz o artigo. Devia era quebrar logo pela parte oposta à ponta. Aliás
como já se vê acontecer com alguns cavaleiros. 35cm espetados no dorso do toiro
continuam a ser um perigo.
Só me resta pedir compreensão a José Braga da Cruz, por me ter metido num
assunto que despoletou, e que não precisa que o defendam por ele. Mas…e o mau
génio?
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)