Miguel Alvarenga - Não tem nexo pensar e
muito menos insinuar que alguém possa ter alguma coisa contra um miúdo que quer
ser toureiro - e que tem lutado por isso com a maior dignidade, com o maior
valor.
António Prates já deixou de ser uma
promessa, para ser uma certeza. Ninguém tem dúvidas disso. Como este ano me
dizia na Moita o exigente Quintano Paulo, "depois de Moura, este vai ser o
novo fenómeno". Tinha-o visto pela primeira vez vinte e quatro horas antes
na arena da "Daniel do Nascimento" e estava encantado.
Uma coisa é isso. E outra coisa é o
facto de o pequeno Prates ter sido usado de forma infame para servir de
"bandeira" à nossa luta contra os anti-taurinos. Isso, meus amigos, é
que não nexo. Nem credibilidade. E, acima de tudo, é uma estupidez e uma
verdadeira "pérola" dada de mão beijada aos "anti", que
neste momento e com toda a razão, se devem estar a rir de termos utilizado uma
criança - sem idade, sequer, para poder tourear - como "arma de
combate" contra eles.
Além do mais, no Portal do Governo, onde
existem centenas de movimentos, estão muitos outros em defesa da Festa. O do
António é só mais um. No caso de ser mais votado que o movimento dos
"anti", o pequeno Prates teria direito a ser recebido pelo
primeiro-ministro. Outro disparate. Acham que Passos Coelho se ia sujeitar a
promover uma criança que, legalmente, não pode ainda ser toureiro? - porque a
nossa lei, criticável certamente, permite a crianças que entrem em telenovelas,
em circos e noutros espectáculos, mas não lhes permite que toureiem em
espectáculos formais. Mas isso não contas de outros rosários...
Mais grave, em toda esta disparatada
história, é o facto de a "Prótoiro" e outras organizações do género,
se terem demitido cabalmente das suas funções, entregando a defesa da Festa
a... uma criança.
É óbvio que por detrás desta manobra,
está o claro e transparente objectivo de promover o pequeno toureiro. É lícito
e aceitável. Mas não nestes termos.
A acção atingiu as raias do maior
ridículo. Os apelos para que "se ajude o António" acabam por ter um
efeito negativo na própria imagem do António. E se, a partir de agora, todos os
que querem ser toureiros, tomarem idêntica iniciativa? Estão no seu direito.
Será que vão também receber o apoio de quem deveria estar a desempenhar o papel
que levaram o António a assumir e se demitiu pura e simplesmente das suas
obrigações?
A "Prótoiro" nomeou há dias
uma Comissão Executiva. Esperava-se dela tudo - e dela se exigia tudo! - menos
que cruzasse os braços e, em vez de cumprir a missão de defender a Festa,
entregasse essa Cruzada nos braços de uma criança...
Foi uma escolha infeliz. Uma opção
impensada. Foi, afinal, um retrato, fiel e bem focado, de que como vai a Festa
de Toiros em terras de Portugal... afinal de contas, ainda e sempre, uma
brincadeira de crianças...
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