Tauromaquia: Mortes e ferimentos graves nas arenas: Seguros para forcados só vão até 25 mil euros
Os forcados que morram ou fiquem inválidos no
decorrer de um espectáculo tauromáquico têm como única protecção os seguros de
acidentes pessoais feitos pelos respectivos grupos. No entanto, como disse ao
CM o presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados, José Fernando
Potier, o capital máximo é de 25 mil euros, que têm de cobrir as despesas de
internamento hospitalar e reabilitação.
É este o sombrio horizonte de Nuno Carvalho, forcado do Aposento da
Moita que vai ficar paralisado devido à compressão de duas vértebras, com
esmagamento da medula, após ser projectado para a arena na pega do quinto touro
da Corrida TV, realizada nesta quinta-feira no Campo Pequeno.No entanto, José Potier, que trabalha precisamente no sector dos seguros, admite que a maioria das empresas "não estão muito abertas" a esta cobertura, pois enfrentar touros que pesam mais de meia tonelada acarreta demasiados riscos. "Os outros, que evitam o embate, só se aleijam por azar. Os forcados só não se aleijam por sorte", conclui.
Além de diversos forcados que ficaram deficientes, Francisco Matias, dos Amadores de Portalegre, morreu em 2009, ao ser colhido durante um treino. Pedro Belacorça, do mesmo grupo, morrera de septicemia, após uma bandarilha espetada num touro se ter cravado no seu peito durante a corrida comemorativa da Expo'98 no Campo Pequeno.
António Gouveia, dos Amadores do Montijo, foi colhido em 1993 em Angra do Heroísmo e acabou por morrer, vítima de traumatismo craniano, fractura de coluna e lesões internas, juntando-se a uma triste lista encabeçada por João Raiva, em 1953, depois de ser atingido por uma bandarilha no Campo Pequeno.
Texto Leonor Ralha/ CM