Dia 7 de Julho, no Campo Pequeno, na primeira Praça de Toiros do País, no espectáculo aí realizado, ao invés do que normalmente sucede, o seu elo mais fraco, foram aqueles que mais aprecio – os FORCADOS.
Os toiros do Eng. Luís Rocha, bem apresentados mas no geral mansos, exceto o primeiro, que proporcionou grande êxito a Luís Rouxinol e o segundo de João Salgueiro que igualmente esteve bem, mostraram-se quase impraticáveis para os cavaleiros.
Um bico de obra para os forcados. Mas o pouco conhecimento demonstrado pelos pegadores de caras e a falta de coesão dos conjuntos, ainda pioraram o que já era difícil. Para aqueles toiros, eram necessários FORCADOS experientes e voluntariosos, o que não aconteceu.
Sei, por experiência própria, o desejo de pegar na Praça do Campo Pequeno. Por vezes, se não houver quem refreie a habitual impaciência, tal facto poderá levar a fazê-lo sem se estar devidamente preparado para tal responsabilidade.
Vontade, coragem e, até, estoicismo, mostraram os rapazes que no dia 7 estiveram na arena da nossa Monumental . Mas tais atributos, embora sejam indispensáveis para quem quer ser realmente FORCADO, não dispensam o saber recuar, receber o toiro e fechar-se.
Além de uma ajuda decidida, coesa e conhecedora. Predicados que só se adquirem com muito traquejo. Quando faltam, o desempenho dos forcados ressente-se negativamente disso.
Pela positiva destacou-se Nuno Oliveira do Grupo do Redondo. Os braços e querer que mostrou possuir, permitiram-lhe dar tempo a que os seus colegas o ajudassem, obtendo assim uma rijíssima e difícil pega que lhe valeu duas justíssimas voltas à arena a agradecer. Rui Cláudio do Grupo de São Manços também esteve bem .
Todavia no seu conjunto, os três grupos deram uma má imagem dos Forcados. Procurei encontrar explicação para tão pouco habitual comportamento.
Primeiro : porquê três grupos e, para mais, tão pouco conhecidos ou rodados? Penso que por a SRUCP, simpaticamente, querer satisfazer os constantes pedidos que lhe fazem para atuarem no Campo Pequeno.
Todavia, também deve ter pesado na decisão o ter ingenuamente pensado, que Associação Nacional de Grupos de Forcados, punha na admissão dos seus associados o maior escrúpulo e exigência. Os três grupos estavam inscritos nesta Associação. Confiadamente acreditou que tinham qualidade para se exibirem na principal praça do País. O que infelizmente não se verificou.
A todos se pode assacar alguma culpa, mas há graduações, desculpas e justificações a ter em conta.
A SRUCP por acreditar que a ANGF só admite grupos devidamente preparados e assim, não ter hesitado em contratar estes grupos. Os Grupos cuja ânsia de pegar no Campo Pequeno, levou a encararem esse compromisso de forma um tanto leviana, sem estarem preparados para enfrentar os percalços que surgiram - toiros a entrar com pata, duros de cabeça, a bater rijo, não se limitando às sacudidelas em corrida. Contrariando o que agora normalmente se passa, abrandando ou parando para derrotar.
A ANGF considero ser a maior ou a verdadeira culpada, ao não impedir que grupos que não estão devidamente rodados, assumam responsabilidades destas. Não o fazendo deu-lhes, implicitamente, uma credibilidade a que ainda não têm direito.
Ou, desde que pague a jóia, qualquer grupo se pode inscrever, mesmo que não esteja devidamente estruturado e traquejado ? Pela dificuldade que “alguns” grupos tiveram em entrar na ANGF, julgo não ser esse o caso.
O que se passa é esta Associação, com a “vetomania”, exigências postas na entrada de grupos e com reivindicações mais para ganhar protagonismo que para serem satisfeitas, descurar aquilo a que estatutariamente se propôs – DEFENDER E PRESTIGIAR O FORCADO AMADOR.
Assistimos pois a uma jornada para esquecer mas da qual, especulando, embora preferindo que tal não fosse possível, os aficionados podem tirar partido.
Que dizem os ante-taurinos à tareia que os forcados apanharam, com quatro a irem para a enfermaria e um com perna partida? Quem os manda lá meter? A admiração pelo toiro bravo, o desafio de o conseguir dominar.É a resposta.
O Forcado devia ser um elemento louvado pelos tais que, auto se proclamam defensores dos animais e que, certamente, penso eu, não querem que a raça brava se extinga, apesar de nada fazerem para que tal não aconteça.
São os componentes do espectáculo tauromáquico que contribuem, com a sua ação para a sobrevivência do toiro bravo. O Forcado Amador, o seu maior admirador e o único que nada ganha com a sua atitude, ajuda a tal objetivo. E, no seu caso, nem sequer o podem atacar com os ridículos, obsoletos e discutíveis argumentos do sofrimento causado aos toiros. Ainda nesta noite se viu quem sofreu, quem apanhou……
Como no caso do Forcado é só ele que se magoa, pergunta-se: Será por masoquismo ou por querer contribuir para a conservação de um animal que se não for testada a sua bravura perde utilidade, torna-se inócuo como o seu irmão, o boi?
Não seremos nós, os aficionados, com os espetáculos tauromáquicos, que evitamos que esse autentico fenómeno da Naturezao acabe?. Sem os espetáculos tauromáquicos qual o seu préstimo ?
Carlos Patrício Álvares “Chaubet”