Ilustração por Joaquim Pedro Quintella
Duarte Palha (texto)
Estamos hoje
com Francisco Cacique, afamado cavaleiro que esta época comemorou 10 anos de
Alternativa. Com ele tínhamos pensado fazer a retrospectiva do que foi a ultima
temporada, e a perspectiva dos projectos para o ano que se avizinha. No
entanto, como ele disse que não sabia bem a diferença entre retrospectiva e
perspectiva e tinha medo de se baralhar e responder mal a tudo acabámos por vir
só falar com ele.
Mentidero
(M) - Boa tarde Chico. Podemos tratá-lo por Chico?
Francisco
Cacique (FC) – Não me parece mal. O meu Pai sempre me chamou Alberto, porque
eramos muitos irmãos e ele para não estar com trabalho a pensar qual era qual
chamava todos pelo nome do mais velho. Por isso, Chico também não me parece
mal…
M -
Começo por perguntar-lhe, que sensações lhe ficam da última temporada e
que momentos mais o marcaram pela positiva e pela negativa?
FC – Olhe
Senhor Mentidero, a sensação que me fica da última temporada é essencialmente
uma sensação de calor em Julho e Agosto, e de frio em Outubro e Novembro. De
Setembro não me lembro de nenhuma sensação em particular porque acho que estava
ameno.
Quanto aos momentos, pela positiva, tenho um almoço na cervejaria "A Torre", em que o empregado se esqueceu de cobrar o vinho e pela negativa, tenho outro almoço, também na mesma casa, em que o empregado se lembrou do vinho que não tinha cobrado. Não posso também deixar de falar do meu divórcio, pela positiva e do desaparecimento da minha cadela Lassie, pela negativa.
Quanto aos momentos, pela positiva, tenho um almoço na cervejaria "A Torre", em que o empregado se esqueceu de cobrar o vinho e pela negativa, tenho outro almoço, também na mesma casa, em que o empregado se lembrou do vinho que não tinha cobrado. Não posso também deixar de falar do meu divórcio, pela positiva e do desaparecimento da minha cadela Lassie, pela negativa.
M - No no
que diz respeito concretamente à sua temporada taurina, não quer destacar
nenhum momento?
FC - Posso
destacar também. Pela positiva, quero destacar o trabalho do meu apoderado, na
valorização da minha imagem, com novas exigências tanto ao nível dos carteís e
toiros a lidar como ao nível dos honorários. Foi de facto um esforço conjunto e
acho que já sou olhado de outra forma pela aficion. Pela negativa, destaco o
facto de não terem feito caso do meu apoderado e eu continuar a actuar a troco
de uma sandes de paio e um Sumol de ananás.
M - Então
podemos afirmar que a crise também lhe bateu à porta?
FC - Bateu? Curioso, não ouvi ninguém...
FC - Bateu? Curioso, não ouvi ninguém...
M - A crise
económica...
FC - Não
conheço, deve ter sido num dia que eu cá não estava...
M - Adiante.
Fale-nos da sua quadra.
FC - Neste momento a minha quadra é composta pelo meu primo Zé e pelos meus dois peões de brega, o Manelinho e o Oscar.
M - Está a falar da sua quadrilha...
FC - Neste momento a minha quadra é composta pelo meu primo Zé e pelos meus dois peões de brega, o Manelinho e o Oscar.
M - Está a falar da sua quadrilha...
FC - Da
minha quadrilha e da minha quadra! A ração custa os olhos da cara e por isso
abdiquei dos cavalos. De modo que nos compridos saio às cavalitas Oscar, que
corre muito e pode com os toiros por trás e nos curtos saco o Manelinho que se
arredonda muito bem e murcha as orelhas no momento da cravagem. Para rematar as
lides, vou sempre buscar o meu primo Zé, que tem muito medo dos toiros, mas
conta umas anedotas que chegam muito ao público.
M - Estamos
quase a terminar. Projectos para 2015?
FC -
Continuar a crescer. Como sabe, já sou figura em Sarilhos Pequenos, a minha terra.
Mas não me chega e a minha ambição pede-me mais. De modo que, se tudo correr
bem, conto no final deste ano deixar de ser figura em Sarilhos Pequenos e
passar a ser figura em Sarilhos Grandes. Há quem diga que o céu é o limite, mas
eu quero sempre mais. Para mim, Montijo é o limite!
M - Muito
obrigado pela entrevista Chico. Uma mensagem para os nossos leitores.
FC - Duas! A
primeira é: se quiserem um postal meu, todo sorridente, passem lá por casa que
tenho uns mil de sobra, que saíram com defeito e parece que não tenho um canino
e um pré-molar.. É uma bonita recordação para pendurar no quarto ou dar a um
ente querido. A segunda mensagem é: não joguem andebol nem basquete, que é uma
mariquice! Só as gajas é que jogam aquilo na escola. Obrigado e bom dia.
M . Obrigado
somos nós, Chico. Obrigado somos nós...