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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mentidero - Entrevista a uma figura "assim/assim" por Duarte Palha



 Ilustração por Joaquim Pedro Quintella


Duarte Palha (texto)

Estamos hoje com Francisco Cacique, afamado cavaleiro que esta época comemorou 10 anos de Alternativa. Com ele tínhamos pensado fazer a retrospectiva do que foi a ultima temporada, e a perspectiva dos projectos para o ano que se avizinha. No entanto, como ele disse que não sabia bem a diferença entre retrospectiva e perspectiva e tinha medo de se baralhar e responder mal a tudo acabámos por vir só falar com ele.

Mentidero (M) - Boa tarde Chico. Podemos tratá-lo por Chico?
 Francisco Cacique (FC) – Não me parece mal. O meu Pai sempre me chamou Alberto, porque eramos muitos irmãos e ele para não estar com trabalho a pensar qual era qual chamava todos pelo nome do mais velho. Por isso, Chico também não me parece mal…

M -  Começo por perguntar-lhe, que sensações lhe ficam da última temporada e que momentos mais o marcaram pela positiva e pela negativa?
FC – Olhe Senhor Mentidero, a sensação que me fica da última temporada é essencialmente uma sensação de calor em Julho e Agosto, e de frio em Outubro e Novembro. De Setembro não me lembro de nenhuma sensação em particular porque acho que estava ameno.
Quanto aos momentos, pela positiva, tenho um almoço na cervejaria "A Torre", em que o empregado se esqueceu de cobrar o vinho e pela negativa, tenho outro almoço, também na mesma casa, em que o empregado se lembrou do vinho que não tinha cobrado. Não posso também deixar de falar do meu divórcio, pela positiva e do desaparecimento da minha cadela Lassie, pela negativa.

M - No no que diz respeito concretamente à sua temporada taurina, não quer destacar nenhum momento?
FC - Posso destacar também. Pela positiva, quero destacar o trabalho do meu apoderado, na valorização da minha imagem, com novas exigências tanto ao nível dos carteís e toiros a lidar como ao nível dos honorários. Foi de facto um esforço conjunto e acho que já sou olhado de outra forma pela aficion. Pela negativa, destaco o facto de não terem feito caso do meu apoderado e eu continuar a actuar a troco de uma sandes de paio e um Sumol de ananás.

M - Então podemos afirmar que a crise também lhe bateu à porta?
FC - Bateu? Curioso, não ouvi ninguém...

M - A crise económica...
FC - Não conheço, deve ter sido num dia que eu cá não estava...

M - Adiante. Fale-nos da sua quadra.
FC - Neste momento a minha quadra é composta pelo meu primo Zé e pelos meus dois peões de brega, o Manelinho e o Oscar.

M - Está a falar da sua quadrilha...
FC - Da minha quadrilha e da minha quadra! A ração custa os olhos da cara e por isso abdiquei dos cavalos. De modo que nos compridos saio às cavalitas Oscar, que corre muito e pode com os toiros por trás e nos curtos saco o Manelinho que se arredonda muito bem e murcha as orelhas no momento da cravagem. Para rematar as lides, vou sempre buscar o meu primo Zé, que tem muito medo dos toiros, mas conta umas anedotas que chegam muito ao público.

M - Estamos quase a terminar. Projectos para 2015?
FC - Continuar a crescer. Como sabe, já sou figura em Sarilhos Pequenos, a minha terra. Mas não me chega e a minha ambição pede-me mais. De modo que, se tudo correr bem, conto no final deste ano deixar de ser figura em Sarilhos Pequenos e passar a ser figura em Sarilhos Grandes. Há quem diga que o céu é o limite, mas eu quero sempre mais. Para mim, Montijo é o limite!

M - Muito obrigado pela entrevista Chico. Uma mensagem para os nossos leitores.
FC - Duas! A primeira é: se quiserem um postal meu, todo sorridente, passem lá por casa que tenho uns mil de sobra, que saíram com defeito e parece que não tenho um canino e um pré-molar.. É uma bonita recordação para pendurar no quarto ou dar a um ente querido. A segunda mensagem é: não joguem andebol nem basquete, que é uma mariquice! Só as gajas é que jogam aquilo na escola. Obrigado e bom dia.

M . Obrigado somos nós, Chico. Obrigado somos nós...