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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Agora é a vez do Chaubet

T A U R O M A Q U I A   O  T O I R O  D E  L I D E
 

Começo por considerar que o embrião do toiro de lide dos nossos dias, surgiu em simultâneo com o do Homo Sapiens, na mesma zona d África
Equatorial.

Animal altamente prolífero e nómada, adaptando-se morfologicamente às zonas que ia atravessando, dele foram encontrados vestígios um pouco por todo o Continente Africano, Asiático e Europeu. Todavia foi nos terrenos adjacentes ao Tejo e ao Guadalquivir, talvez por o fazerem recordar os longínquos rios da sua infância, Tigre e Eufrates, que estacionou e evoluiu.

A sua compleição física. A força, agressividade e resistência ao castigo,
Que o caracterizam, logo lhe criaram um admirado e especial carisma. Os seus cornos, a sua terrível arma, tornaram-se símbolos de força e poder.

Não admira pois que tenha sido venerado e deificado pelos nossos antepassados, sempre propensos a criarem deuses, divindades e motivos de culto. No final do neolítico, eclode mesmo um autentico surto de misticismo, que culmina com uma avalanche de de toiros divinos.

Temos os toiros alados de Ur, pertencentes ao Culto Babilónico de Gudmar-Il-Gumas, Deus-Sol, a demonstrar a ligação do toiro ao Mundo Celeste. Muito semelhante ao que existia no Egipto, no tempo de Hamurabi, quando o toiro era considerado o símbolo da tempestade.

No Antigo Egipto, onde a zoolatria era levada a extremos encontramos, entre outros, Dyrus, Min, Baal. No entanto os mais célebres e conhecidos são o Boi Ápis, adorado num sumptuoso templo construído em sua honra em Mimais e Mitra, que deu origem ao Culto Mitraico.

Vamos ainda encontrá-lo em grutas de Albarracin, Altamira e Cogul, representado em pinturas rupestres. Em Ávila, os famosos Toiros do Guisado.

A invasão da Península pelos romanos, dois séculos a.C., trouxe novos aficionados ao toiro. Júlio César não resistiu ao seu fascínio.

Logo de início mandou construir amplos anfiteatros, onde tinham lugar combates de gladiadores com animais, incluindo o toiro. O Anfiteatro de Itálica, perto de Sevilha, é um dos mais conhecidos. Mas o nobre animal chamou sempre a atenção e foi fonte de inspiração de nomes ilustres.

O grande Francisco Goya não o esqueceu no seu quadro A TAUROMAQUIA. Pablo Picasso seguiu-lhe os passos no seu A MORTE DA MULHER TOUREIRA. Júlio Pomar, sabemos ser aficionado. É porém no meio da escrita que se encontram mais prestigiados nomes a prestarem-lhe homenagem.

Alguns deles: num Cântico Sumério de 3000 a.C. o toiro é divinizado. Garcia Lorca exprime o seu lamento e respeito no emocionante LLANTO POR IGNACIO SANCHÉZ MEJIAS. Já Estrabão em 58 a.C. fez considerações sobre o nobre animal. Alexandre Herculano, Ramalho Ortigão, o Prémio Nobel Ernest Mínguas, Oliveira Martins na SOC. MEDIEVAL PORTUGUESA.

Chegado à Península Ibérica, após a longa caminhada, encontrou aí, condições para se fixar e procriar.

Mas o toiro é um animal independente, nómada, forte e muito prolífero. A alimentação das manadas que ia criando, sempre a aumentarem, faziam-no invadir terras de cultivo para se alimentarem. Tornou-se assim, um problema para o homem. Tinha que se acabar com o inimigo. Pensou este.

Passou então a organizar desumanas caçadas aos toiros, onde eram empregues todo o tipo de aramas. Flechas, lanças, facas e ganchos. Aos homens que, a pé firme, as utilizavam, recrutados na classe baixa da população, deram o nome de “matatoiros”.

O rei D. Afonso, O Sábio, acabou por proibir esta prática, que se encaixava no indisciplinado “rural etnológico”. Passou a ser a nobreza, a cavalo, a ter estas funções, criando-se assim a forma “feudal catecista” de enfrentar o toiro.

Com a decadência da nobreza no século XVIII, voltaram os “matatoiros”. Agora fazendo-se pagar – os primeiros profissionais do toureio.Digamos.

Os “profissionais”, que acabaram por acompanhar os nobres, com a sua ambição e estes, com o seu desempenho, acabaram por pôr em perigo a sobrevivência do toiro.

Todavia este já tinha cativado o homem. As suas características fizeram-no ganhar a sua simpatia, admiração e respeito. A raça brava não se podia, nem se pode, perder.

Com a finalidade de a preservar e defender de eventuais predadores, criaram-se grandes espaços, ganadarias, onde o toiro pode viver com todas as mordomias. Tanto ou mais tempo que o seu pachorrento irmão de raça mansa. Havia porém que cuidar da bravura. Característica que o torna único e impõe no reino animal mas que, não sendo estimulada, aproveitada, se perde.

Sabendo isso homem, por ser um sacrilégio privá-lo do atributo que melhor o caracteriza, pela admiração e carinho que por ele tem, procurou forma de obstar a que tal sucedesse. Pudesse conservar intacto o seu carisma.

Assim, desejoso que as suas extraordinárias qualidades fossem devidamente salvaguardadas, divulgadas, apreciadas e aplaudidas por todos, começou a organizar espetáculos tauromáquicos. A possibilidade de mostrar em público todas as suas qualidades.

O transporte para a praça é que incomoda. Para quem gosta do toiro como eu gosto, não deixa de ser desagradável. Contudo, depois de estar na praça, ninguém o incomoda até ser chamado para a arena. Até tem um médico veterinário que avalia as suas condições físicas e impede qualquer tratamento menos coreto que alguém possa tentar.

Na arena os ferros e bandarilhas que lhe cravam fazem-no reagir com agressividade. Mas mais por irritação que por dor. A exaltação provocada pela vontade de retaliar, solta a adrenalina o que supera a dor que poderia sentir.

Os taurinos, verdadeiros amigos da raça brava, são os maiores admiradores do toiro de lide. O que não quererem não querem que morra de forma anónima às mãos de algum, também anónimo, magarefe. Desejam-lhe um fim digno, que lhe proporcione demonstrar todas as suas potencialidades. E é na arena que ele as demonstra.

Somos nós, os taurinos, as touradas, que salvam o admirável toiro de lide, a raça brava, autentico fenómeno da Natureza. Não são os que querem pôr num cercado o representante da raça brava, como peça rara de museu onde, por falta de estímulo ou forma de a testar, acabaria por perder o que o faz tão especial – A BRAVURA.

Não será esta exposição de bons sentimentos, apenas uma tentativa de ganhar protagonismo? De dar nas vistas? Não haverá, infelizmente, na nossa sociedade, humanos onde esses bons sentimentos seriam melhor aplicados? Ou será uma raiva ditatorial, e ditaduras estão fora de moda, impondo que não gostem de um espetáculo de que não gostam?

Carlos Patrício Álvares
(Chaubet)