O altruísmo e a boa vontade das Gentes da festa brava estiveram uma vez mais evidentes no Festival benéfico que se realizou em Olivença a favor da Fundação “Hospital e Santa Casa da Misericórdia de Olivença.
Leonardo Hernandez abriu praça como único rejoneador actuante pela via da substituição de Pablo Hermozo de Mendonza, e não teve a sorte do seu lado, muito por culpa do astado que lhe calhou em sorte pertencente á ganadaria de D. Luís Terron, manso, descastado, e sem se interessar minimamente na luta, Leonardo teve uma lide esforçada e correcta mas sem o brilho que certamente desejaria, teve que pisar terrenos de compromisso e porfiar bastante para sacar alguma lide; quando se preparava para matar e sem que ninguém o previsse sofre um aparatosa colhida, felizmente sem consequências; pelo esforço e vontade demonstrada corta uma merecida orelha.
Juan António Ruiz “Espartaco” avivou-nos a memória de tempos passados quando nos brindava com faenas de maestria, e em Olivença isso voltou a acontecer frente a um nobre toiro de Gavira, pecando este apenas pela escassez de força demonstrada; recebeu á verónica com intensidade e saber rematando com uma meia, na muleta excelente série por derechazos, experimenta com bom sabor a da verdade, terminando com uma série de joelhos em desplante como se estivesse agradecendo aos Céus o dom sublime que Deus lhe deu.
Victor Mendes continua com a vontade, a garra e o saber que sempre o acompanharam; foi impressionante ver a disposição deste Maestro perante um Zalduendo cinquenho que não apresentava facilidades; no capote por verónicas e chicuelinas, nas bandarilhas o público exigiu e Mendes respondeu com três pares de poder, com destaque para o segundo em que ao saltar tábuas ia sendo agarrado, sendo salvo por um oportuno quite de Espartaco, depois de um brinde a todos os seus colegas de cartel, tem uma faena de grande valor, desde os derechazos iniciais até a tandas mais profundas com a esquerda e de mão baixa como mandam as regras, tirando tudo aquilo que o toiro tinha para dar, corta apenas uma orelha fruto do desacerto com a espada que apenas entra á terceira tentativa.
El Juli mostrou mais uma vez o figurão que é, e escreveu em Olivença mais uma página dourada da história da tauromaquia, dos muitos capítulos que tem escrito esta temporada, uma temporada histórica e memorável para El Juli, em que tem igualado as actuações por triunfos. Frente a um toiro com qualidades de Garcigrande maravilhou-nos tanto com vistosas e ajustadas sortes com o capote como com uma grande e arriscada faena com a muleta, arrimadíssimo numa faena cheia de emoção e verdade, mata com uma estocada que poderia ser exemplo de como se deve estoquear um toiro; duas orelhas e rabo sobejamente merecidas.
Começa a tornar-se aflitivo e triste cada vez que falamos de Alejandro Talavante termos que falar da espada, ou melhor da falta dela.
Perante um bom toiro de Nunez del Cuvillo ,mais uma vez este toureiro com um corte artístico muito peculiar falha na sorte suprema, depois de uma faena de capote interessantíssima, e na muleta com um temple e corte inconfundíveis, arriscando e toureando como se toureasse em Las Ventas; corta uma orelha com forte petição de segunda.
Fechava cartel o Jovem novilheiro sem picadores Posada de Maravilhas, que face a um “novilho” de Bernardino Piriz voluntarioso mas andarilho, que não deixou ao jovem toureiro mandar como queria, ainda assim experimentou vários terrenos, citando de largo e depois mais em curto, numa faena exigente e sobretudo inteligente, matou de estocada inteira e passeou uma orelha que muito bem poderiam ter sido duas fruto do grande oficio que demonstrou.
Os triunfadores Espartaco e El Juli acompanharam solidariamente apeados os seus companheiros de cartel, terminando assim em grande ambiente festivo este agradável e interessante festival benéfico.
Herlander Coutinho- toureio.com