Felizmente que
Amieira e Portel estão situadas no Alentejo profundo, numa zona que parece não
interessar aos que querem mandar na nossa Tauromaquia. As pessoas fazem o que
consideram ir enriquece-la sem estar a pedir licença a ninguém. Caso não fosse
assim, possivelmente lá viria a ANGF e os grupos seus associados, que não foram
convidados para a iniciativa, reunidos em assembleia, (nada se faz sem ser
assim. (Dizem...)) a inventarem penalizações para Junta de
Freguesia da Amieira e para a Câmara de Portel.
Ao tempo
escrevia no OLÉ e foi esse semanário, sempre atento ao que se vai passando no
nosso meio taurino o único ou, pelo menos o primeiro, a dar a notícia. Estava
em construção, na Amieira, um Monumento alusivo ao Forcado.
Agora, que
tanto se fala de forcados e há mais gente a falar num monumento em sua
homenagem, lembrei-me desse existente em frente da Praça de Toiros da Amieira,
aldeia ribeirinha da barragem do Alqueva. Até à data, pela descrição e
fotografia que li e vi, a mais espetacular escultura alusiva aos forcados.
Fiquei agradavelmente surpreendido ao ler a notícia. Sem espalhafato ou
vaidosas exibições, Amieira e Portel, demonstravam bem o apreço e respeito que
nesta região têm pelo Forcado.
A tal,
certamente não é alheio o êxito que o Grupo de Forcados de Cascais, constituído
quase exclusivamente por rapazes da zona, têm obtido. É aliás, na fotografia de
uma pega feita por este Grupo, que se baseia o Monumento. Da autoria do
fotógrafo Fernando Henriques, patenteia bem a violência do toiro, a valentia e
determinação do conjunto do Grupo. Houve depois os escultores António e
Francisco Charneca que, inspirados nessa fotografia, esculpiram uma obra de
grande impacto e beleza, que realça ainda com mais expressão o que é uma
verdadeira pega e a voluntariedade dos homens que a executam.
Estão pois de
parabéns: o grupo de Forcados Amadores de Cascais cujo comportamento inspirou e
despoletou todo este interesse; o fotógrafo Fernando Henriques por ter apanhado
um momento tão expressivo da atuação do grupo, os Escultores António e
Francisco Charneca por, com a sua Arte, terem sabido sublimar o que a
fotografia transmite.
Tenho afirmado
que o desejo de pegar toiros, a PEGA, nasceu da apetência que o
português tem pelo perigo, pela aventura. É no Povo que se encontra a sua
génese. É ele que mais a admira. O Monumento em Amieira, é prova disso. Noutras
terras de Portugal, de maior relevância, com pergaminhos ancestrais no meio da
forcadagem, não existe nada com igual imponência.
Carlos Patrício
Álvares (Chaubet)