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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Grande entrevista: Miguel Alvarenga "abre o livro" !

 
É longa, mas vale a pena ler esta entrevista do princípio ao fim. Uma vez mais, Miguel Alvarenga usa a frontalidade, a irreverência e a genial loucura que sempre o caracterizaram para dizer o que tem a dizer, com clareza e transparência, sem papas na língua e sem recados nas entrelinhas. O que é, é; o que não é, não é. Não acabou, não foi abandonado, não anda triste, nem tão pouco se vai dedicar a colar cartazes ou a fazer de porteiro nas praças. "Não me caiam os parentes na lama, mas não sei colar cartazes e se fosse porteiro dava um prejuízo bestial à empresa, deixava entrar os amigos todos" - graceja. Pelo meio, tem entre mãos dois grandes e ambiciosos projectos, que não revela por enquanto por que "o segredo continua a ser a alma do negócio". Quanto ao jornal, conta tudo: "suspendeu a temporada", como alguns cavaleiros, voltará no momento certo. O blog dispara em flecha. E está a acabar o livro com a história da prisão no Linhó. Por outras palavras: está p'ra durar! E que se lixem os que queriam acabar com ele...
Entrevista de Hugo Teixeira
- Miguel, primeiro, o que importa e o que todo o mundo quer saber: o jornal estava para sair quinta-feira passada e não saíu. Por quê?
- O jornal podia ter saído quinta-feira, como podia ter saído há dois ou três meses, como pode sair amanhã. A máquina está preparada e eu sei fazer jornais. Em 24 horas ponho o jornal na rua. Não saíu por diversos motivos, mas sobretudo porque considero que não estão, ainda, reunidas as condições necessárias para o pôr em andamento. Tão simples como isso...
- Falta de dinheiro, decadência, o princípio do fim... como escreveram no tal "blog anónimo"?
- Bom. Vamos por partes. Não tenho que, nem quero, comentar escritos de quem não dá a cara e se esconde, como um medricas, atrás de cobarde anonimato. Já percebi perfeitamente quem é o autor desse blog, confesso que me desiludiu, mas eu continuo "à prova de bala", tanto se me dá, como se me deu que escrevam mal de mim. Pelos menos, escrevem... e dos outros, não. Nem falam. Nem bem, nem mal. Aquele outro blog feito pelo actor Carlos Cunha, que deu a cara e disse que era ele, teve, pelo menos, essa atitude de homenzinho, tinha por objectivo "deitar-me abaixo", mas tinha a sua graça. Não era ofensivo, era feito na base de um acutilante e perspicaz sentido de humor. Fartei-me de rir com os videos que ele engendrou. Tenho pena que tivesse parado. De verdade. Este outro blog é ofensivo. Já tomei, obviamente, as devidas providências com os meus (brilhantes) advogados. Mas, por outro lado, enche-me o ego. Não dizem mal de mais ninguém, não dão importância a mais ninguém, a não ser a mim. Isso lisonjeia-me, obviamente. E é para o lado que durmo melhor. Falarem de mim, mal ou bem, significa que tenho importância. Doa a quem doer. Mas, voltando ao jornal: certamente que ninguém iria acreditar se eu dissesse que tinha milhões e muitos investidores para fazer o jornal. Há alguns e há algum dinheiro. O suficiente e o necessário para pôr o jornal a andar. Mas considero que é preciso mais. Quando o "barco" arrancar, tenho que ter a certeza que vai navegar com toda a estabilidade necessária e desejada, sem correr o risco de se afundar. Os tempos não estão para brincadeiras, sou doido, mas não sou inconsciente. Quando arrancar, quero arrancar com estabilidade. No momento e na conjuntura actuais, não são aconselháveis aventuras. Já passei por situações complicadas durante os quinze anos em que fui dono, gerente, director, em que fui tudo no "Farpas". Não volto a repetir a "proeza". Não vou, de certeza absoluta, ter mais dores de cabeça. Arrancarei com o jornal, repito, quando as condições estiveram reunidas...
- E isso quer dizer o quê...
- Quer dizer, textual e exactamente, que não volto a ser patrão. Entrarei num projecto em que me paguem o ordenado a que tenho direito para dirigir e fazer o jornal. Há um projecto e há investidores, mas eu considero que as condições não estão ainda reunidas a cem por cento. Sou altamente profissional e tenho um, entre outros, defeito: sou demasiado perfeccionista. Só avanço quando a máquina estiver a cem por cento afinada.
- O jornal implicaria um abrandamento do blog?
- Implicaria certamente. E a verdade é que neste momento estou altamente entusiasmado e motivado com o blog e com o seu surpreendente sucesso e abrandá-lo era agora contraproducente. Por outro lado, eu que era o mais contra possível estas modernices da internet, reconheço hoje que tem muito maior importância e muito mais eficácia um blog do que um jornal. As notícias podem ser colocadas na hora. Com um jornal, as pessoas tinham que esperar oito dias para ler. É o futuro e ao que tudo indica, mais tarde ou mais cedo, os jornais vão acabar. Não é dentro de um ano, nem de dez, se calhar, mas a tendência é para acabar o papel. Os blog's e os sites substituiram o interesse dos aficionados, mataram o interesse do jornal. É a realidade. Temos que a encarar.
- O tal "blog anónimo"...
- ... outra vez?...
- ... dava a entender que andavas triste, abandonado, que já ninguém pagava publicidades ao "Farpas", que mais tarde ou mais cedo (risos) ias para colador de cartazes ou porteiro de uma praça...
- (risos) E não me caiam os parentes na lama por isso. O saudoso Manuel Gonçalves, que foi quem foi, contava-me muitas vezes que quando foi para França, a seguir a vir de Moçambique, andou muitas noites com o filho a colar cartazes, por isso não me desprestigiava nada se o fizesse também. Sempre é um meio lícito de ganhar a vida, melhor que, por exemplo, traficar droga... e tive muitos "convites" para entrar nessas vidas de alguns dos meus bons e sempre lembrados amigos do Linhó! Mas, por enquanto, ainda não me vão ver a colar cartazes, até porque os cartazes estão a acabar, quando muito viam-me a montar painéis nos outdoor's do meu amigo Nunes. Além disso, não sei colar cartazes e se fosse porteiro dava um enorme prejuízo à empresa, deixava entrar de borla todos os amigos! Primeiro e ao contrário do que diziam, com o claro objectivo de denegrir, difamar e ofender (os tribunais não se fizeram para outra coisa...), nunca ninguém me pagou para "criar polémicas", "dizer bem" ou "dizer mal". O dinheirinho que recebi e, graças a Deus, continuo a receber, do meio taurino, diz respeito a publicidades, institucionais e legais. Como todos. Ainda recentemente, o site "tauromaquia" veio a público com um texto acusando um empresário de não ter cumprido a sua palavra e não lhes ter pago a publicidade acordada. É só a mim que pagam? Claro que não recebo o que os outros recebem. Pagam-me muito mais, porque a visibilidade no "Farpas Blogue" não tem nada a ver com a visibilidade nos outros. Bom, mas voltando à questão: não ando triste, ninguém me abandonou, nem vou colar cartazes... O meio taurino é, como sabes, um meio de interesses e de falsas amizades. Mas há algumas amizades verdadeiras. E eu tenho as suficientes, felizmente. Quanto a "andar triste", ando triste, sim, pelo estado a que este país chegou. Mas como já tenho a nacionalidade espanhola, não me chateio muito. Mas triste, nunca. Sou a pessoa mais divertida deste mundo, sempre fui. Graças a Deus, não tenho razões nenhumas, nem profissionais, nem, sobretudo, familiares, para andar triste, Estou muito bem de amores, tenho os melhores filhos do mundo e até tenho uma gata que me diverte imenso. Tenho dívidas, neste momento todo o mundo tem, mas não choro por isso. Sei que as vou pagar e as pessoas sabem que sou bom pagador. Não sou de fugir a nada. Mas triste, não, nunca!
- Não apareces nas corridas...
- Porque já não tenho pachorra. É sempre tudo igual, é sempre tudo mais do mesmo. Era a mesma coisa que fosse todas as semanas ao cinema ver o mesmo filme. Vou onde me apetecer e onde me interessar. Sou mais útil junto ao computador a noticiar na hora o que se passa e para se noticiar não é preciso estar no local. Há uma coisa chamada fotografia, há informadores, há colaboradores.
- O blog dá para viver, é isso?
- Dentro da conjuntura actual, quando todo o mundo anda aflito, não me posso queixar muito. Digo até, por brincadeira, mas talvez não o seja assim tanto, que dentro de um, no máximo dois anos, estarei milionário com o "Farpas Blogue". Foi assim que começou o jovem que criou o "Facebook"! Além disso, estou envolvido em dois grandes e ambiciosos projectos, um tem a ver com o mundo dos toiros, o outro não, em que estou empenhado a duzentos por cento e que vão ser sucessos garantidos. Com toda a certeza.
- Que são o quê?
- O segredo é a alma do negócio. A seu tempo, as pessoas saberão e sentirão o meu trabalho nesses dois projectos.
- As visitas ao blog sobem de dia para dia...
- E os números são verdadeiros. Ao contrário do que também insinuaram, aqui não se adulteram dados. Todas as noites, depois da meia-noite, o Google dá a informação correcta das visitas do dia. O Google é americano. Não conheço ninguém na América, a não ser o Paulinho Jorge Ferreira e o Jorge Martins e um primo meu que trabalha lá há anos. Não acredito que sejam eles a meter "cunhas" aos homens do Google para me "aumentarem" as visitas... Só eu, por ser o administrador do blog, posso aceder às minhas estatísticas. Mas posso fazê-lo, abrindo o meu computador à frente de quem quiser e mostrar. Minuto a minuto, os dados estão disponíveis para consulta, ao longo do dia eu vou tendo conhecimento da evolução. E posso mostrar, com o maior dos gostos, a quem quiser ver. Portanto, sobre isso, não há dúvidas nenhumas. Mais: os dados dizem respeito a visitas individuais, ou seja, dizem respeito a um ID ou IP, não sei como se chama isso. Ou seja: se tu fores do teu computador visitar o meu blog e o voltares a fazer quatro, cinco, cem ou duzentas vezes ao dia, só conta a primeira. Quando me dão oito mil visitas, foram mesmo oito mil pessoas que aqui vieram, não foram, por exemplo, quatro mil pessoas que lá foram duas vezes cada.
- Vêem mais pessoas o blog do que as que compravam semanalmente o jornal?
- Actualmente, com uma média de oito mil por dia, embora haja dias com menos de oito mil, mas penso que já estabilizou acima dos seis mil por dia, multiplicados pelos cinco dias da semana, dá à volta de quarenta mil visitas semanais. Se eu vendesse quarenta mil jornais por semana estava mais rico que o Dr. Pinto Balsemão!...
- Isso faz disparar em flecha os preços da publicidade?
- Não sou doido. Tenho a plena consciência do tempo que vivemos. Claro que uma empresa que coloque o seu cartaz no "Farpas Blogue" tem aqui muito mais visibilidade do que tinha colocando-o uma vez por semana no jornal. Isso implicava que pagasse dez ou vinte vezes mais do que pagava no jornal. É evidente que os preços do "Farpas Blogue" são superiores aos do jornal, mas, repito, não sou doido, sei o tempo em que vivemos...
- Outro caso também falado no tal "blog anónimo"...
- ... estamos a dar-lhe a importância que não tem...
- ... mas é importante. Existe um processo em tribunal da Associação de Forcados contra o "Farpas"?
- Fui recentemente notificado para prestar declarações num processo, o caso está entregue aos meus advogados e muito em especial ao Dr. João Camacho, que considero o melhor do mundo, mas ainda não sei o que é, é possível que seja da Associação de Forcados, não sei. Seja o que for, estou calmo e sereno, como sempre estive. A Associação de Forcados tem toda a legitimidade para processar quem entender e eu tenho, no caso de isso se confirmar, toda a legitimidade de me defender. A falar é que as pessoas se entendem e se for caso disso, lá estaremos em sede própria para falar do que não me compete falar aqui.
- Diziam que andas mais "mansinho" com medo de ir preso...
- O facto de já ter cumprido, com o maior dos orgulhos, uma pena de prisão pelo "crime" de "abuso de liberdade de imprensa", não obriga a que vá preso no próximo... Já depois de estar no Linhó, tive alguns processos, poucos, ganhei-os e não fui preso, embora estivesse na altura a cumprir uma pena de prisão, não efectiva, graças a Deus, mas de fins-de-semana. Mal de nós se cada pessoa que cumprisse uma pena de prisão passasse a ser presa, a partir daí, em todos os processos em que fosse responder. Não havia cadeias que chegassem... Mas, ainda àcerca de do que me perguntaste anteriormente, se não considerasse que neste momento todos temos que estar unidos em prol e em defesa da Festa, o que deveria fazer (e muitos me têm "picado" para que o faça) era ignorar pura e simplesmente os forcados até que chegasse ao fim esse tal processo. E depois, ao verem-se ignorados no blog, os grupos que fossem "agradecer" por isso à Associação. Mas não o farei precisamente por entender que a hora é de união, os forcados merecem ser destacados, são os grandes e últimos românticos da nossa Festa, tenho muitos e bons amigos forcados e antigos forcados e os grupos não têm culpa da atitudes de quem os pretende representar na generalidade.
- E o livro com a história do Linhó?
- Ora aí está uma coisa que tenho prejudicado e adiado em detrimento do sucesso do blog. Está ainda atrasado, não tenho tido o tempo que queria e de que necessitava, mas neste momento está já na recta final. Chama-se "A História da Minha Prisão - Jornalista conta experiência na Cadeia do Linhó" e acredito que seja um sucesso. Vai ter apoio televisivo, etc. e por isso não duvido de que será um êxito. Penso que sairá no início do Verão. Há duas épocas indicadas para lançar livros, dizem-me os editores: o Natal e o Verão, porque as pessoas vão de férias, descansar e gostam de ter uma leitura.
- Não vamos falar da temporada, nem de toureiros, isso fazes tu todos os dias no blog, mas queria só uma opinião: a atestar pelo pouco público que tem acorrido às praças, 2012 vai ser um ano complicado?
- Vai, mas acho que não tem nada a ver com a crise financeira. Os bilhetes para o "Rock in Rio" custam, preço único, 61 euros e aquilo vai estar cheio os dias todos. Aos bons espectáculos, o público vai. Nos toiros, a crise é muito mais de valores do que de carteira. Quando surgir um ídolo, quando houver um toureiro que leve gente às praças, as praças voltam a encher. Enquanto andarmos a ver mais do mesmo, as praças continuarão a meio gás, que ninguém tenha ilusões, nem dúvidas disso. Os "antigos" continuam a ser ainda melhores que os "novos". Mas andamos a vê-los há trinta anos! São sempre os mesmos. Basta dizer que, até ao momento e neste início de temporada, o que marcou de verdade foram os triunfos dos veteranos Rouxinol em Lisboa e Paulo Caetano em Vila Viçosa. De resto...
- A corrida de abertura do Campo Pequeno foi a prova disso que acabas de dizer?
- Claro que foi e nem é preciso dizer mais nada, já se disse e já se escreveu tudo. O próprio Rui Bento reconheceu, na entrevista que te concedeu no domingo na Rádio Portalegre, que as coisas, em termos de público, ficaram muito àquem das expectativas. E eu insisto: não é uma questão de falta de dinheiro, é muito mais uma questão de os cartéis serem quase sempre iguais há trinta anos e de, na nova fornada, não se ser destacado ainda, em termos de força de bilheteira, um toureiro. São todos muito bons, mas não levam ninguém atrás deles. O grande termómetro, porque vai medir tudo, ou barómetro, se preferirem, não será ainda a próxima corrida do Campo Pequeno, mas a de 17 de Maio, quando vier o Pablo Hermoso de Mendoza. Acredito que esgotará. Acredito que a força do Pablo, depois desta apoteótica campanha na Colômbia e no México, despertará o interesse dos aficionados em o ver. O facto de tourear com os Telles e ainda por cima com os dois Telles mais clássicos, o Maestro António e o seu sobrinho e seguidor mais directo Manuel, toureiros com estilo bem diferente do que Hermoso, levará ao Campo Pequeno o outro tipo de público. Vão os adeptos do toureio clássico dos Ribeiro Telles e vão os adeptos do toureio dito moderno do Pablo. E não o vão assobiar, acredito. Enquanto que o Ventura criou muitos anti-corpos em Portugal, o Pablo continua a ser admirado e respeitado pela sua classe, pelo seu toureio, mesmo diferente do que os Telles vão praticar nessa noite. Essa corrida é que vai marcar a temporada em termos de futuro. A nível do Alentejo, antevejo que a corrida que vai marcar é a da Ovibeja. Se um cartel no Alentejo com o Moura, o Rui Fernandes e o Moura Caetano não encher, mais nenhuma outra corrida no Alentejo encherá e estão será caso para os empresários entrarem mesmo em pânico e reveram toda a situação e todas as suas estratégias na composição dos cartéis.
- O caso do João Salgueiro... o que opinas?
- O que já escrevi. O João Salgueiro é uma primeiríssima Figura do toureio. Surpreende quando menos se espera. E acredito que está a ver, melhor que todos, a situação actual. Felizmente, dentro do "infelizmente" que isso acarreta, sofreu uma lesão na perna que atrasou o seu arranque na temporada, mas por outro lado permitiu que ele se mantenha na "boxe", como a "reserva" a utilizar pelos empresários quando fôr a hora certa. E eu acredito, como ele acredita, que chegando a Julho vão precisar dele nos cartéis. Os elencos são sempre os mesmos, os mesmos toureiros estão mais que vistos e já não levam gente às praças, as empresas vão precisar de vender bilhetes, vão precisar de viver, senão encostam à boxe, como alguns toureiros já fizeram e para vender bilhetes, vão precisar de motivos que levam o público à bilheteira a comprá-los. Ao pretender fazer seis ou sete corridas e ganhar nelas o que outros vão ganhar em vinte ou trinta, ou nem isso, o Salgueiro está a ser super-inteligente e vai marcar a temporada, vão ver. Eu acredito plenamente que sim.
- Estará montado para isso?
- Ver-se-à na altura. Estive há dias em Valada, já começou a montar e vim surpreendido com alguns cavalos que tem "escondidos" e que lhe vão permitir regressar aos tempos áureos do verdadeiro Salgueiro.
- E as desistências, Miguel?
- Não me surpreenderam. Surpreendeu-me, confesso, a do Manuel Lupi, as outras não. É pena que se afastem toureiros que têm valor e que têm o seu espaço e o seu lugar em qualquer cartel, como é o caso do Vitor Ribeiro, do José Manuel Duarte, do Tomás Pinto, que ainda no ano passado arrancara. Mas compreendo-os, como compreendo os que desistirem a seguir e vão ser mais, infelizmente. Os tempos não estão fáceis, pelo contrário, as empresas não querem, porque não podem, pagar o que determinados toureiros merecem e a que têm direito. Para andar aí a empobrecer aos poucos, sem motivação, mais vale, de facto, parar e esperar por melhores dias. Que eu acredito que hão-de vir. Ao fim e ao cabo e como falávamos no início, a história do jornal é idêntica. "Suspendeu a temporada" também, para regressar em melhores dias.
- As relações com a empresa do Campo Pequeno melhoraram?
- Já temos, felizmente, relações intitucionais e profissionais. É tempo de todos nos unirmos em defesa da Festa. Estou consciente disso, consciente dos erros do passado, de caminhos que percorri quando deveria ter percorrido outros, etc. Posso ser meio doido e sou, com imenso prazer, mas também sou muito responsável e super-consciente, sei reconhecer os meus erros. Estamos todos no bom caminho. E há pouco acabei por não responder: estou mais "mansinho", dizem. Não é isso. Estou mais maduro, já não penso que sou capaz de mudar o mundo, como antes pensava. E estou sobretudo consciente de que a Festa precisa de que todos estejemos mais "mansinhos", mais calmos e mais amiguinhos uns dos outros, para não darmos, com a nossa estupidez, trunfos de mão-beijada aos anti-taurinos.
- Já apoias a "Prótoiro" e a Associação de Forcados?
- Nunca deixei de apoiar, as pessoas não entendem ou não quiseram entender. A "Prótoiro" faz falta e a Associação de Forcados faz falta. Desde que façam coisas que fazem falta e não percam tempo com coisas que não fazem falta. Nos últimos anos, a Associação de Forcados limitou-se a "existir" para vetar e expulsar grupos e para vetar a Corrida "Farpas". Como acabei com a Corrida "Farpas" (é a maior homenagem que posso prestar ao meu querido e saudoso amigo Manuel Gonçalves, acabei a corrida quando ele, infelizmente, acabou a sua vida, a sua permanência entre nós), a Associação de Forcados deixou de se ouvir. É verdade ou não é? Neste momento, o seu presidente, o José Potier, está a ter e a fazer um trabalho muito mais importante e sem polémicas, como membro da Comissão Executiva da "Prótoiro". Durante dois anos e após "espalhafatosa" apresentação, a "Prótoiro" não fez mais nada, que se sentisse, para além de vender t-shirt's à porta do Campo Pequeno. Critiquei isso e a própria "Prótoiro" se auto-criticou e reconheceu que estava a ser pouco ou nada interventiva. Não conheço pessoalmente o Dr. Diogo Costa Monteiro, mas terei o maior dos prazeres em conhecer um dia destes, mas considero brilhante e altamente eficaz todo o desempenho que está a levar a cabo, juntamente com os membros que compõem a Comissão Executiva da Federação. Agora sim, repito, acho que estamos todos no caminho certo. E como sempre considerei que águas passadas não movem moinhos, é tempo de nos entendermos e de nos unirmos em defesa da Festa. Não nos podemos esquecer que os anti são poucos, são uma minoria, mas têm direito de existir, têm direito de ser contra e estão ou estavam muito mais organizados que nós. É preciso que a trincheira deste lado esteja unida para lhes fazer frente. A "Prótoiro" e a Associação de Forcados precisam do "Farpas", seja blog ou jornal e o "Farpas", mas sobretudo a Festa, precisam da "Prótoiro" e da Associação de Forcados. Precisamos todos uns dos outros e precisamos, acima de tudo, de reconhecer e ultrapassar os erros, os excessos e as parvoíces do passado. Eu consigo, espero que eles consigam também.
- Tinha que abordar isto, até porque sou amigos dos dois... e as "guerras", entre aspas, com a Solange, Miguel?...
- Comentarei esse caso a dois, com a Solange, num jantar que temos agendado há que tempos e que, por razões várias, ainda não se realizou. Não quero comentar mais nada sobre isso em público. Por mim, a "guerra", entre aspas, dizes muito bem, acabou.
- Resumindo e concluindo, não acabaste, não encostaste à boxe, não "morreste", salvo seja, não andas triste... nem vais colar cartazes...
- Por enquanto, não, depois se verá! Deixa-os falar. Se fosse colar cartazes, certamente que o meu querido amigo António Nunes me dava emprego na sua dinâmica empresa! Também não morria de fome! Mas ainda não é caso disso. Tenho esses dois grandes projectos entre mãos, ando feliz e ando super-ocupado, tenho o livro para acabar e tenho o blog para levar ainda mais longe... Ainda vão ter que "levar comigo" por mais alguns tempinhos!
- Alcançar as dez mil visitas por dia no blog é a meta, Miguel?
- Já lá estivemos pertíssimo e acredito que mais tarde ou mais cedo, lá chegaremos. Quando isso acontecer, fecho o blog por um dia e vou festejar com os amigos. Regresso 24 horas depois!
 
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