Num blogue essencialmente votado para o Forcado, talvez
pareça estranho o título deste apontamento. No entanto, na minha opinião, o
toiro é preponderante na atuação do Forcado. O comportamento deste está condicionado
às características que ele apresentar . Dia 14 de abril, na
praça do Campo Pequeno, tive ocasião de constatar tal facto.
Lembrar o prestigio da ganadaria Palha é desnecessário, tão
grande e merecido ele é. Todavia são toiros sérios, tardos mas bastante
contundentes no arranque, dificilmente se adaptando ao toureio atual. Em
Espanha nem todos se dispõem a toureá-los. O seu desempenho na arena
lisboeta, veio confirmar esta opinião.
Embora não havendo homogeneidade na córnea estavam bem apresentados,
rondando os 570 quilos. Entravam com ímpeto na arena mas, após algumas
agressivas investidas, tornavam-se pouco colaborantes. João Moura, o nosso mais
credenciado cavaleiro tauromáquico e Rui Fernandes também nome prestigiado no
nosso meio taurino, não conseguiram alcançar o habitual sucesso. Já Luis
Rouxinol, com estilo mais combativo, conseguiu grande êxito.
Pelo Grupo escalabitano foram solistas João Brito à
segunda, com boa ajuda de Nelson Ramalho. João Torres Vaz Freire também à
segunda. E para mim, na mais rija, João Gois. Foi pois uma boa prestação
do G.F.A.S. que correspondeu com brilhantismo às exigências impostas pelos
Palhas.
O Grupo de Forcados de Lisboa não foi feliz, deixando
quase os seus créditos irem por água abaixo. Isto apesar da boa pega do seu
Cabo Pedro Maria Gomes, bem ajudado por João Mota Ferreira. A Bernardo
Patinhas, pegador experiente e reputado Forcado, calhou-lhe o pior toiro da
corrida. Não deu lide a João Moura, reservado e agressivo, foi parado à
terceira por B.P. que, valentemente, nunca desistiu apesar dos violentos
derrotes. João Vasco Lucas resolveu o problema do último que, após duas
tentativas falhadas de Pedro Gil, o mandara para a enfermaria. Nesta
"pega" valeu a pronta voluntariedade de João Vasco. A sua
atitude `A FORCADO.
Não foi uma noite igual a tantas outras que tenho
presenciado nesta praça. Houve valor acima da média. Luta e garra. Não foram
valentes porque a farda os obriga a tal. Foram-no por serem. Se o Grupo de
Santarém merece parabéns pelo seu comportamento, decisão e, principalmente,
boas ajudas, o Grupo de Lisboa igualmente é crédor de um aceno de simpatia, por
nunca ter voltado a cara.
À Velho do Restelo: meia dúzia de corridas com curros
destes, à antiga, e eliminavam-se 60/70% (ou mais) dos grupos de
forcados existentes. Não acabavam os forcados porque, felizmente, como repito
sempre, a valentia não é monopólio de nenhuma geração mas, tenho a certaza que
deixava de ser moda ser forcado.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)