Em dia de aniversário, Marcos saboreou o triunfo
João Maria Branco apresentou-se no Alentejo como cavaleiro de alternativa. Venceu o desafio.
Por Hugo Teixeira
Fotos:Diário Taurino
A corrida de toiros
de Portalegre ficou marcada pela emoção, factor que tanta falta faz à festa de
toiros em Portugal.
Nas bancadas não
houve tempo para dormir a habitual sesta, face à monotonia vivida na maioria
das nossas corridas, nem houve lugar por parte do público ao célebre comentário
“eu também era capaz de fazer aquilo com um toiro destes”…
A noite foi séria,
dura e de entrega por parte de todos os artistas, principalmente dos forcados.
Os “Guardiolas” não deram tréguas e vieram de Espanha dizer que em Portugal faz
mas é falta emoção e não os tais cobiçados toiros nhoc, nhoc…
Aqui ninguém dorme!
Perante cerca de ¾ de
casa (um casão mais uma vez para Portalegre), estiveram em praça três
cavaleiros que tudo deram para triunfar perante toiros duros e “anti nhoc, nhoc”.
Luís Rouxinol, Marcos
Tenório “Bastinhas Jr. e João Maria Branco entregaram-se por completo perante
os toiros de Guardiola, com idade,
peso e trapio.
Luís Rouxinol
cumpriu em Portalegre, embora longe daqueles êxitos à Rouxinol, mas nem por
isso deixou de carimbar a sua marca, com ferros compridos de grande maestria e
com um par de bandarilhas sério.
Rouxinol, como os restantes companheiros pisaram terrenos de
risco e esse fator trouxe na maioria das vezes o êxito, mas também os toques
nas montadas. Os Guradiolas não perdoam!
Em Portalegre, o de Pegões teve que rever a matéria dada
durante mais de duas décadas de toureio, para afirmar que é uma das primeiras
figuras do país.
Marcos Bastinhas
esteve imponente no seu primeiro, arrimado, sério e bastante cumpridor,
chegando ao
público com a lide que viria a ganhar o troféu em disputa, entregue pela presidente da C.M.Portalegre, Adelaide Teixeira.
público com a lide que viria a ganhar o troféu em disputa, entregue pela presidente da C.M.Portalegre, Adelaide Teixeira.
Marcos tem vindo corrida após corrida a triunfar e isso
ficou logo vincado no seu primeiro em Portalegre.
No seu segundo,
esteve mais uma vez em grande, tentando executar ferros a quiebro que na
maioria das vezes funcionaram.
Em dia de aniversários (completou
27 anos) e com direito aos parabéns cantados pelo público, Marcos deixou
também um carimbo da casa: um grande par de bandarilhas.
João Maria Branco
toureava a sua primeira corrida após a alternativa em Lisboa.
O primeiro Guardiola lidado pelo cavaleiro de Estremoz cedo
foi para tábuas (segundo comprido) e João Maria Branco limitou-se a deixar a
ferragem a sesgo com valor.
No segundo recebeu bem o oponente, tal como os seus colegas
também o fizeram quando os toiros assim o permitiram, imprimiu uma boa brega e
deixou ferros de grande nota, com um toureio de verdade.
Branco passou a mensagem à aficion alentejana, uma mensagem
de que está a nascer uma nova esperança para o futuro, o nascimento de uma nova
figura.
Em resumo: os três
cavaleiros mostraram ofício e tiveram que puxar dos seus pergaminhos para sacar
o êxito, numa noite onde não houve tempo para dormir nas bancadas.
No campo da forcadagem a coisa foi dura!
Os Amadores de Lisboa
e de Portalegre tiveram por diante uma noite de alto risco, mas também para
recordar.
Por Lisboa foram solistas Manuel Guerreiro, à segunda, com um toiro que investia com
velocidade, Pedro Miranda à primeira
e João Lucas ao primeiro intento
após dobrar Daniel Batalha que recolheu à enfermaria após uma tentativa
impressionante com o Guardiola a fazer mal.
Destaque para as ajudas que na grande maioria das vezes
funcionaram, com principal destaque para esse forcadão que dá pelo nome de Mota Ferreira.
Pelo Amadores de
Portalegre pegaram os forcados Alexandre
Lopes, numa segunda tentativa duríssima, carregada de derrotes junto às
tábuas, Nelson Batista, numa
imponente pega, com a ajuda espontânea de Mota
Ferreira dos Amadores de Lisboa, que saltou à arena para confirmar a grande
pega. Um gesto único e diferente, olé!
Fechou a noite para os de Portalegre Ricardo Almeida à segunda, a mostrar galhardia.
Pelo Grupo de Portalegre destaco ainda as enormes ajudas de Miguel Bezerra e David Vargas.
De destacar ainda que recolheram dois forcados à enfermaria
bastante mal tratados, Daniel Batalha
(Lisboa) e Miguel Bezerra (Portalegre), mas felizmente nada demais se
passou, ambos estão bem.
Troféus:
No final o júri decidiu, está decido!
Apesar de haver, como sempre, alguns assobios (poucos) por
parte do conclave sobre a atribuição dos dois troféus, o júri para a melhor
lide, constituído por Fernando Marques,
João Cortesão e Vasco Lucas, decidiu atribuir o troféu a Marcos Tenório “Bastinhas Jr”.
O júri para a melhor pega, constituído por sua vez por Simão Comenda, João Patinhas e Zeca Pereira,
decidiu atribuir o prémio a Nelson
Batista dos Amadores de Portalegre.
Mourato recordado
No decorrer do intervalo foi recordado o saudoso crítico
taurino Lourenço Mourato, através de
uma homenagem que decorreu no centro da praça.
A empresa amavelmente decidiu atribuir a Luís Mourato, filho do saudoso crítico
uma recordação, um digníssimo objecto de arte, retratando Lourenço Mourato, que
foi entregue por Hugo Teixeira.
A empresa “Toiros +”,
de Lúcia Loureiro e Henrique Gil, está de parabéns pela imponente corrida
que levou a Portalegre, deixando a velhinha José Elias Martins de novo num alto patamar, onde a emoção reinou
acima de tudo.
Semear para colher no futuro foi aquilo que fez a empresa e
isso vai dar frutos, não tenho dúvidas.
Dirigiu com acerto Rogério
Joia, um festejo onde todos os
bandarilheiros (que também passaram por alguns sustos) estiveram em bom
plano.