Paulo d´Azambuja
David Gomes
Parreirita Cigano
João MartinsRuben Correia
Diogo Peseiro
Texto: Pedro Pinto
Em boa hora a Sociedade Campo Pequeno realizou esta
quinta-feira, a novilhada de oportunidade aos novos, porque criou condições
para que os artistas pudessem mostrar as suas capacidades e para que nós
aficionados pudéssemos desfrutar do seu toureio. A novilhada apartada, de Paulo
Caetano, foi de qualidade excecional, com as reses a serem nobres, codiciosas,
com casta e a ter muito que tourear. Mais sonsotes os que abriram e fecharam
praça, mas não menos manejáveis.
O toureio a pé impôs as suas armas e recordo-me na passada
segunda feira, aos microfones da Rádio Portalegre, de ter dito que o toureio a
pé em Portugal não fazia sentido, que estava "morto", porque não
havia verdade (sorte de varas e morte na arena); entendido por uns, mal
interpretado por outros, o que é certo é que estes jovens vieram provar que não
é verdade. Existe chama, existem aficionados, por vezes cuidasse pouco dos
novilhos, peça fundamental para o êxito; não podemos embandeirar em arco, pois
há um longo caminho a trilhar se qualquer destes jovens quiser ser figura do
toureio.
Diogo Peseiro, da Academia do Campo Pequeno, vai mais à
frente, está noutro campeonato, muito toureado, é um toureiro com corte fino,
mas ao mesmo tempo de guerreiro; embateu com o menos bom dos três de pé, mas
triunfou forte, sabendo o que faz e como dar a volta à situação. Destaque para
a forma como esteve com o capote e com as bandarilhas e como tragou com a
muleta.
João Martins, da Escola de Vila Franca, enfrentou uma
máquina de investir e deixou ambiente. Por vezes chegou a dar a noção de ser
novilho de mais para um toureiro pouco toureado, mas a faena veio a mais no
final, com uma série de muletazos longos e profundos, sem esquecer os adornos.
Da Escola da Moita veio Ruben Correia, que foi uma agradável
surpresa, pelo seu corte de toureio. Esteve com valor, mostrando logicamente
alguma verdura, mas sabendo o que faz na arena. Gostámos!
Os três primeiros novilhos da noite foram para o toureio a
cavalo. O primeiro era difícil e com arreões, dando a sensação de ser
malvisto; o jovem Paulo D'Azambuja, pouco toureado, veio de menos a mais,
acabando com dois ferros curtos de nota, não entendemos o porquê de não querer
dar volta à arena.
David Gomes chegou a Lisboa rodeado de grande ambiente,
esteve bem diante de um novilho extraordinário, no entanto estamos em crer que
exagerou em querer mostrar todos os ´"números". Tem um bom conceito
de toureio e vai triunfar nesta profissão, falta-lhe apenas definir-se mais,
porque um ou dois ligeiros toques poderiam ser evitados, no entanto não crítico
quem joga tudo e mete a "carne no assador".
Parreirita Cigano era o único cavaleiro amador e tem uma
garra imensa, tocou-lhe outro bom "Caetano" e surpreendeu quem nunca
o tinha visto. Colocou dois compridos extraordinários, de parar corações e nos
curtos começou bem, mas pecou por alguma velocidade na parte final. Deixou
ambiente!
Nas pegas, a noite foi fácil e o grupo de Arruda dos Vinhos
não complicou, dando as distâncias e os caras a superiorizarem-se aos ajudas.
Fábio Correia esteve correto à segunda; Bruno Silva superior tecnicamente, com
o grupo a fechar apenas nas tábuas e o muito jovem Luís Lourenço numa pega
soberba, pela maneira como esteve em praça, como toureou e como se fechou,
estes dois últimos ao primeiro intento.
Noite agradável em Lisboa onde renasceu o toureio a pé; bom
comportamento das quadrilhas e menos de meia casa preenchida, com direção de
Manuel Gama e Dr. João Nobre. Nota apenas por não se ter chamado o
ganadero à arena, o 4º e 5º novilho teriam certamente justificado essa
chamada!
Fotos:Fernando Clemente/D.R.