A PROPÓSITO DOS DESPROPÓSITOS DOS ASSIS
Os Assis sem auréola, os anti taurinos, os “contra”,
continuam a atacar a Tauromaquia, de forma insidiosa, insistente,
ordinária e infrutífera. Usando linguagem reles, ofendendo e provocando tudo e
todos, tentam que os ofendidos lhes respondam para assim terem assunto para
manterem os seus blogues. “Esta é uma chamada de atenção que repito sempre,
pois há muita gente desprevenida que lhes faz a vontade. Não lhes respondam e
vão ver como desaparecem. A alguns já aconteceu isso e outros para lá caminham.
Não têm bagagem intelectual para se manterem sem essa ajuda”.
Mas, continuando na defesa/ataque a que me obrigam os Assis,
devido aos insultos com que sou mimoseado por eles, fui buscar uns textos que
li e dão para pensar. Destruir ou, pelo menos, pôr em dúvida a teoria de que os
toiros desejam é que os deixem em
paz. Que não compreendem o desconforto que os homens os
obrigam a passar. Vejamos então estes dois casos
" O C A P I R O T E “
Lê-se na Enciclopédia Tauromáquica de Jaime Duarte de
Almeida: "Em 1897 o cavaleiro tauromáquico Bento de Araújo levou para o
Brasil onde foi atuar, um toiro a que deram o nome de "Capirote". Foi
comprado ao Dr. Guisado, ganadeiro de Coruche.
Na caravana foi também Manuel Gentil, sapateiro de profissão
que passava diariamente pelo cerrado onde o "Capirote" se encontrava.
Acercava-se da vedação, chamava o toiro pelo seu nome e ele lá vinha docilmente
receber as carícias e comer à mão a fava, a aveia e os pedaços de melão que lhe
eram oferecidos. Lentamente o animal foi-se afeiçoando ao Gentil e este a ele.
No Brasil o "Capirote" foi lidado cerca de 30
vezes e foram inúmeras as ocasiões propícias a um maior estreitamento desta
estranha amizade.
Tão seguro dela estava o Gentil que um dia, mesmo sem
autorização do cavaleiro, no fim da lide, saltou à arena e chamou o toiro.
Este, reconhecendo-lhe a voz, aproximou-se calmamente.
Manuel Gentil então deu-lhe de comer, ao mesmo tempo que lhe
tirava a ferragem que lhe tinham cravado no cachaço. Desembolou-o depois e, por
fim, abraçando-o pelo pescoço, conduziu-o para os currais.
A ovação foi apoteótica e esta cena passou a fazer parte de
futuras touradas já em praças portuguesas. Inclusivamente no Campo Pequeno.
Em 1907 porém, já muito velho e cego, o "Capirote"
deixou esta vida de glória, morrendo anonimamente no matadouro de Vila Franca
de Xira.
"O C U L E B R O”
Outro caso vem relatado na revista taurina espanhola
"Sol y Sombra" de 1897:"Culebro" foi um célebre toiro da
ganadaria de D. Cipriano Ferrer, de Pina de Ebro. Tendo ficado bastante tempo
como "sobrero" nos curros da praça de toiros de Barcelona, aí
contraiu "amizade" com Serafin Greco, "Salerito". Este,
toureiro praticante, talvez por falta de público, afeiçoou-se ao animal,
dando-lhe de comer à mão e banho, acariciando-o e, até, escovando-o.
Todos temiam que depois deste tratamento "Culebro"
perdesse a sua bravura, não tivesse condições para ser lidado. Puro engano.
No dia 1 de Setembro de 1889, domingo, na praça de Barcelona
o animal, que todos julgavam ser manso, teve uma atuação mais que meritória.
Foi bravo, codicioso, rematou nas tábuas, matou dois cavalos e recebeu oito
"puyazos". O Serafin, emocionado, não se aguentou e saltou à arena.
Chamou pelo nome o seu "amigo" de quatro patas.
Este reconheceu quem o chamava e, pachorrentamente dirigiu-se para o lado da
praça de onde viera a voz. Lá chegado começou como que numa caricia, a roçar o
dorido corpo contra a trincheira.
"Culebro" tinha sido muito castigado e podia estar
revoltado mas Serafin, embora receoso, não resistiu.
Devagar, cautelosamente, aproximou-se do "Culebro".
Este, apesar das feridas causadas pelas "puyas" e bandarilhas,
consentiu pacificamente que Serafin acariciasse o seu corpo dorido.
A assistência entusiasmada pediu o indulto do
"Culebro" e, concedido este, "Salerito" conduziu-o ao
curral. Sem necessitar de cabrestos, pois o toiro seguiu-o tranquila e
obedientemente.
O B S E R V A Ç Ã O
Estes dois casos parecem-me paradigmáticos.
Demonstram que o toiro reconhece que nasceu para o que lhe estão a fazer. Intuí
o que o homem espera dele. Por isso marra, agride, entra no jogo que lhe
destinaram. Investe contra os que o provocam, "sabe" que é o seu
dever. Que é isso que esperam dele. Foi para isso que o criaram.
"Capirote e "Culebro" tiveram o comportamento
descrito porque, conhecendo Manuel Gentil e Serafin Greco, sabiam que eles não
estavam à espera que fossem agressivos. Não eram como os outros, terão avaliado
instintivamente
Não estavam revoltados com o que tinham passado. Daí o terem
recebido os seus amigos pacificamente. Provando assim que aceitavam o seu
destino.
De forma esclarecida e filosófica, terão ruminado: “Também
para os humanos a vida não é um mar de rosas. Têm que passar por muito
sofrimento e dor. Não compreendemos por isso as ridículas campanhas anti
taurinas. É gente fora da realidade.
Não falando já nas guerras em que andam sempre metidos.
Chegam ao paradoxo de arranjar novas guerras com o pretexto de quererem acabar
com outras existentes!
Intitulam-se defensores dos animais, fazem manifestações
para preservar espécies ameaçadas. No entanto parece pretenderem acabar
connosco, com a raça brava. Com o toiro de lide. É que, não sendo utilizada a
nossa bravura, não a estimulando o homem, ela acaba. Tornamo-nos meros bois
fornecedores de carne.
Por favor...deixem-nos viver a nossa vida”.
Dirão humildemente.
C O N C L U S Ã O
Argumentam os que atacam as touradas, tomando o lugar do
inventado e popular Dr. Doolitle, que tinha o dom de compreender e falar com os
animais ou, agraciados por São Francisco de Assis, patrono dos animais e,
certamente, também deles pois pretendem seguir-lhes as pisadas, que os toiros
são agressivos, uns revoltados, porque os provocam. Porque os irritam. Porque
lhes infligem grande sofrimento e tortura.
Como tenho o mesmo direito que esses caridosos Assis,
fazendo por minha vez o papel de Dr. Doolitle, interpretei e expus o pensamento
bovino do “capirote” e “culebro”.
Tenho alguma esperança de que o conhecimento deste
animalesco e sentido desabafo, amacie a violência verbal e ofensiva
habitualmente utilizada pelos “pacíficos” (?) ante touradas para,
ditatorialmente, hostilizarem quem gosta do que eles não gostam e nada lhes
pretende impor. Basta que o deixem em paz. Não o ataquem com pueris e falsos pretextos
de exacerbada comiseração.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)