Uma das
coisas que mais atrai os homens é o risco. A adrenalina a soltar-se. A
capacidade de vencer o medo. É por essa razão que os desportos e práticas
radicais têm tanto êxito. Enfrentar um toiro é das sensações mais radicais que
existem. Nela não pode haver truques ou paragens a meio. Não há empates. Homem
ou toiro, algum tem que vencer. É este embate, é a luta pelo triunfo, o perigo
elevado ao máximo, a possibilidade da Morte, que estimula o homem.
A sua
capacidade de encarar esse desafio com elegância, controlando as suas emoções e
dando plasticidade ao confronto com o toiro, faz com que se chame Arte à sua
atuação. Desenvolvida com orgulho e pundonor, é a expressão máxima da atração
que o perigo exerce sobre o homem. Agradece ao público os aplausos que ouve e
ao toiro, o ter-lhe dado ocasião para os ouvir.
Todavia
é o comportamento deste que mais o sensibiliza. O sacrifício a que o desejo de
uma lide perfeita, o obriga a infligir ao toiro, é a custo que o aceita. Mas
não consegue desistir e o público, embora com igual sentimento de comiseração
pelo toiro, “exige” que ele continue. O confronto do homem com o toiro é
empolgante. Desperta emoções que fazem esquecer por momentos o sacrifício
imposto ao toiro. Mas esse sacrifício, embora imprescindível
desagrada-lhe.
Para
ser lidado na arena, é escolhido o toiro considerado mais agressivo.
Vindo do campo para a praça, não está habituado ao contacto com o homem nem
sabe como se portar. A sua inata agressividade, para proporcionar uma boa
prestação ao toureiro, tem que ser trabalhada. Daí a necessidade das varas e
das bandarilhas, pois só através dessas “provações” se obtém o toiro com
condições para ser lidado em praça.
Mas o
toureiro e o público, pela simpatia que têm pelo toiro e porque não é o
sacrifício deste que aprecia mas sim o frente a frente do homem e o toiro,
tratou de minimizar ao máximo o castigo que é obrigado a impor-lhe. Sem pôr em
causa o seu desempenho antes, até, facilitando-o, procurou forma de o
conseguir.
Daí ter
limitado o número de varas a que o toiro pode ser submetido. Ter criado puyas o
mais pequenas possível. Ter colocado uma cruzeta na vara, para evitar que a
mesma penetre o corpo do toiro mais que o necessário.
Com as
bandarilhas o procedimento é semelhante. Foi estabelecido o número máximo de
pares a colocar, estudado o arpão que se espeta no toiro, de modo a não
molestar mais que o devido.
Por
haver por parte dos taurinos todo este cuidado, é que considero que os Assis
sem auréola, os “contra”, os anti taurinos, estão equivocados ao dizerem que os
aficionados do que gostam é da tortura a que o toiro é submetido, que somos
sanguinários, mal formados, mais isto e aquilo.
Então,
se o que nos atrai é o sofrimento de seres vivos, de um pobre e indefeso
animal, não seria um paradoxo, esforçarmo-nos para diminuir esse sofrimento? O
lógico, pela vossa ótica, era nós, os tais antipáticos torturadores,
arranjarmos forma de aumentar o sofrimento da vítima. Não diminui-lo.
Posto
isto repito: ESTÃO EQUIVOCADOS. DO QUE GOSTAMOS É DE VER O CONFRONTO
ENTRE O HOMEM E O TOIRO. NÃO O SACRIFÍCIO DESTE.
Aliás,
já repararam na alegria do toureiro e do público quando um toiro é indultado? É
aplaudido e, por vezes, dá a volta à praça como prémio do seu
comportamento?. Será esta atitude dos tais a quem, irresponsavelmente, chamam
sádicos, consentânea com a de uns torturadores.?
Mais,
quando o picador está a enterrar demasiado a vara, o público protesta. Não
gosta. Onde estão pois os malvados mal formados que vão às touradas para
ver maltratar os toiros?
Não
preciso que me peçam desculpa pelos nomes que me têm chamado, nem digo para
pararem com a vossa infrutífera cruzada moralista. Basta que reconheçam como se
equivocaram ao avaliar-me. A mim e a todos os taurinos. Não somos torturadores,
não somos sádicos, não somos selvagens, não somos carrascos, não somos
irracionais, não somos vampiros, não somos primitivos, não somos desprovidos de
valores humanos, não somos predadores, não temos desvios no intelecto. Esta a
adjetivação que alguns dos piedosos, bem formados, pacíficos e ponderados Assis
sem auréola, usam para nos classificar. A um ou outro
nem a honra da minha Mãe escapa.
Sei que
vão dizer - reconhecendo que apesar de não ser o que os Assis dizem, o toiro
sempre sofre, qual a razão porque continuo a apoiar as touradas.
Por aí podem-me pegar: “o êxtase que a tourada me proporciona, faz-me esquecer
o sofrimento do toiro”.
Mas não
me venham com essa! A lagosta metida viva numa panela para cozer em lume
brando. Lembram-se disso quando a comem? O peixe com a boca presa ao azul, tentando
sorver o ar que lhe falta, é recordação que lhes venha e lhes faça perder o
apetite? E lembrarem-se que mandam capar gatos, cães e, a estes até,
cortar-lhes as orelhas para ficarem mais bonitos, faz com que deixem de ter
estes animais de estimação?
Se
fosse por excesso de sensibilidade pelo sofrimento de seres sencientes (palavra
sofisticada que aprendi nos vossos escritos) digo, como já tantas vezes disse
(no estilo dos Assis que repetem as mesmas coisas dúzias de vezes) que há gente
a passar fome e a dormir nas ruas. Desviar a atenção para o sofrimento dos
toiros em vez de ser para o dos nossos semelhantes que
também são seres sencientes, parece-me imoral. Essa a
razão porque duvido da sinceridade dos sentimentos que
apregoam ter. Não gostam de touradas. Estão no seu direito. Ninguém os obriga a
gostar. Já querer obrigar que os outros também não gostem é que é excessivo.
Aliás,
penso. O que motiva este ataque impiedoso e
mal educado aos taurinos, não são sentimentos nobres. Antes pelo
contrário. É a inveja, frustração o ciúme. O protagonismo adquirido por quem é
capaz de arriscar a vida desafiando um toiro, naqueles que passam na vida sem
ninguém dar por eles. Não têm valor para se fazerem notados, a visibilidade
adquirida pelos que pisam a arena, é uma provocação. Incapazes de ações
idênticas mas não se conformando com o cinzentismo em que vivem, abraçam com
fictícios sentimentos de solidariedade causas nobres mas controversas, para se
fazerem notar. Usando o alcance da internet , com a maior agressividade e
ordinarice.
Se
tivessem cabeça para raciocinar, veriam que isso é o melhor
que podem fazer a favor dos taurinos. A não ser pessoas com o mesmo nível
moral e de educação, quem mais quererá colaborar com pessoas desta qualidade?
Por isso as arruaças, as concentrações à porta das praças terem cada vez menos
gente. E as que aparecem são aflita e constantemente
convocadas pela internet.
Conforma
os acontecimentos dos próximos dias, assim volto, ou não, a este tema. O meu
périplo pelos blogues dos Assis sem auréola, deu-me material para continuar a
analisá-los. Assim tenha tempo e paciência. Apesar de saber que é malhar em
ferro frio. Mas como não pretendo muito… apenas que deixem de me insultar e de
se meterem nas minhas preferências, possivelmente voltarei.
Carlos Patrício
Álvares (Chaubet)