Com a devida vénia ao site tauromania.pt, publico parte da entrevista com o Secretário-Geral da Federação Portuguesa das Associações Taurinas (PRÓTOIRO), Dr. Diogo Costa Monteiro.
A festa corre sérios riscos e esta noite até os deputados vão ao Campo Pequeno para analisar a situação.
Leiam com atenção este excerto desta entrevista. O caso é sério!
T (Tauromania) – Está, neste momento, a ser discutida na Assembleia da República a proibição das Corridas de Toiros?
DCM (Diogo Costa Monteiro) – Exactamente. Os aficionados não têm noção, mas as Corridas de Toiros podem ser proibidas. Em todo o país. E a PRÓTOIRO está a agir de forma pensada, metódica e organizada para que isso não aconteça.
T – Mas que petição é essa e de quem partiu? Como funciona agora o processo? Quais podem ser as consequência para a Festa?
DCM – As consequências já lhe disse, de forma muito clara: o fim das Corridas de Toiros. Compreendo que custe a acreditar, mas é exactamente isso, a proibição das Corridas de Toiros em todo o território nacional. Os aficionados sabiam que, mais tarde ou mais cedo, isto ia acontecer. Pois bem, está a acontecer agora. Relativamente à petição, pede a proibição das Corridas de Toiros em Portugal e foi colocada por pessoas singulares que não sabemos quem são. Por ter o número exigido de assinaturas, nos termos da Lei, foi admitida e distribuída à Comissão Parlamentar de Ciência, Educação e Cultura, que é composta por deputados de todos os partidos políticos. Quanto ao processo, a Comissão analisa a petição, ouve os peticionários e as partes com interesses na matéria e depois elabora um relatório. Esse relatório é votado pela Comissão e é, posteriormente, discutido no plenário da Assembleia da República. Se os Senhores Deputados decidirem nada fazer, para além da discussão, continuam as Corridas. Se decidirem que as Corridas devem acabar, fazem e uma lei e acabaram-se as Corridas. Em traços muito sucintos, é isto.
T – E em que ponto desse processo estamos neste momento?
DCM – A petição deu entrada em início de Agosto, os peticionários foram ouvidos na semana passada, a PRÓTOIRO apresentou, também na semana passada, o seu parecer sobre a questão e foi ouvida, na passada Terça-Feira, na Assembleia da República.
T – Mas o que fez a PRÓTOIRO concretamente?
DCM - A realidade é que, pela primeira vez, a Tauromaquia está a ser defendida de forma pensada, organizada e metódica. E todas as associações que compõem a PRÓTOIRO estão em perfeita sintonia neste particular. ANGF, APET, ANDT, APCTL e TTT estão todas a remar para o mesmo lado! E isso permitiu à PRÓTOIRO apresentar um parecer, bastante detalhado e completo, contendo as várias razões pelas quais entende não deverem as Corridas de Toiros ser proibidas. O parecer aborda, entre outros, os aspectos históricos, éticos, morais, culturais, artísticos, económicos e ambientais das Corridas de Toiros e daquilo que a rodeia. Aborda, também e naturalmente, a questão da grande aceitação desta prática por parte dos portugueses, como nos mostram a recente sondagem efectuada pela Eurosondagem, os números de espectadores, o número de espectáculos televisionados ou as suas audiências. Por outro lado, o parecer refuta directamente os vários argumentos e acusações apresentados pelos proibicionistas. Modéstia à parte, creio que este é o documento mais completo e abrangente feito em Portugal sobre a defesa da Festa Brava. Relativamente à audiência de Terça-Feira, na Assembleia da República, foi devidamente preparada pela PRÓTOIRO e, nessa sequência fui, juntamente com o Doutor. Joaquim Grave, aprofundar e prestar alguns esclarecimentos aos Senhores Deputados sobre os aspectos que já referi e outros. Julgo que correu muito bem e viemos ambos satisfeitos e tranquilos.
T – Mas porque não se soube disto antes, porque não deu a PRÓTOIRO a conhecer este seu importantíssimo contributo?
DCM - Respondo-lhe, mais uma vez, que a PRÓTOIRO não existe para dar nas vistas. E às vezes nem o pode fazer. Existe para fazer o seu trabalho e está a fazê-lo como nunca ninguém fez. E acrescento que está a fazê-lo bem feito. Neste caso, também não tornámos antes a situação pública por outra razão, que se prende com os anti-taurinos. Como é sabido, os anti-taurinos têm meios muito eficazes e mobilizam-se com rapidez e com convicção quando chega a hora de enviar milhares de e-mails para pessoas singulares, para empresas ou para instituições. Para nós isto é uma arte que urge preservar, para eles é uma causa pela qual quase parecem dispostos a morrer (e alguns não duvido que estejam dispostos a matar). E a verdade é que o ter tornado esta situação pública antes só ia dar azo a esse tipo de comportamento que, apesar de hediondo, nos pode ser bastante prejudicial. Por isso tentámos manter esta situação “em segredo” o maior tempo possível. Mas também temos consciência de que esse secretismo não iria durar para sempre e temos de aprender a lidar com esse tipo de actuação por parte dos movimentos proibicionistas.
T – A PRÓTOIRO vai ter mais alguma intervenção neste processo, ou o que podia ter feito já fez e agora está tudo nas mãos dos Deputados?
DCM - Não está prevista mais nenhuma intervenção da PRÓTOIRO neste processo. Mas a PRÓTOIRO sugeriu à Comissão que, pela primeira vez, confrontasse tudo o que é dito – a favor e contra as Corridas – com a realidade e, nesse sentido, convidou os Senhores Deputados para irem à Corrida de hoje na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Felizmente esse convite/sugestão foi aceite e teremos então hoje, nas bancadas do Campo Pequeno, alguns dos Deputados da Comissão Parlamentar que irá elaborar o tal relatório sobre a proibição das Corridas de Toiros. E ficamos muito satisfeitos com esta abertura porque, pela primeira vez, quem está a decidir mostra interesse em conhecer aquilo sobre que vai legislar…