O Diário Taurino
esteve à conversa com o gestor das actividades tauromáquicas do Campo Pequeno,
o maestro Rui Bento.
Na entrevista, Rui Bento anuncia que o matador Ivan Fandiño, triunfador em 2012, em
Lisboa, vai regressar e acrescenta que o abono para 2013 poderá ser “inferior” ao do ano passado.
As contratações de Diego
Ventura e Pablo Hermoso de Mendonza
também foram tema de conversa, bem como o caso das “exclusivas” do empresário
Albino Caçoete.
Uma entrevista a não perder, recheada de pormenores…já a seguir!
DT- A temporada em Lisboa vai ser constituída por mais ou
menos espectáculos? Quantos, no total?
RB- Prevemos que o
abono de 2013 possa ter um número de espectáculos semelhante, ou inferior, ao
da temporada passada.
DT- Falou-se que Juan José Padilla poderia actuar no
festival a favor de Nuno Carvalho. O mesmo toureiro não figura no cartel…
Gostaria que marcasse presença?
RB- Gostaríamos muito
que Juan José Padilla estivesse entre-barreiras no Campo Pequeno, no dia 17 de
Fevereiro pois ele constitui um exemplo extraordinário de superação. Queremos
que Nuno Carvalho esteja rodeado de nomes da tauromaquia que constituem exemplo
de capacidade de reacção perante uma adversidade. Há muitos exemplos em
Portugal e em
Espanha. Padilla é um deles, mas há mais, como por exemplo o excelente
bandarilheiro “El Chano”, hemiplégico e estamos a envidar esforços para que
outros toureiros acompanhem o Nuno nesta jornada de solidariedade e esperança!
DT- A juventude vai ter lugar na temporada de 2013 no Campo
Pequeno? Nomeadamente os jovens cavaleiros de alternativa? Quais?
RB -A maioria dos
jovens cavaleiros de recente alternativa deram no ano passado um salto em
frente muito significativo e que saúdo, pois a festa também vive de renovação.
Contamos com esses jovens que são muito importantes para a renovação da festa,
mas de momento não podemos ainda adiantar nomes.
DT- Diego Ventura e Pablo Hermoso regressam a Lisboa ou a
alguma outra praça gerida pela empresa? Já têm algum cartel fechado para o
Campo Pequeno?
RB- Começando pela
segunda parte da pergunta: No momento em que estamos a conversar (9 de Janeiro),
ainda não temos nenhum cartel fechado para o abono do Campo Pequeno ou para
qualquer outra das praças que administramos: Todavia, posso afirmar que existem
conversações com os representantes de Pablo Hermoso e de Diego Ventura e bem
assim como das principais figuras portuguesas. São duas figuras de dimensão
mundial e, sendo assim, uma praça como a do Campo Pequeno, não só a primeira
praça do país como reconhecida internacionalmente como a capital mundial do
toureio a cavalo, tudo fará para os ter connosco, desde que em condições
aceitáveis, tendo em conta o seu prestígio profissional e a capacidade
económica para os contratar, em função do momento de crise económica que se
vive em Portugal e Espanha. Quanto à presença noutras praças, diria que é
intenção da empresa levar os melhores cartéis, em função daquilo que é a
viabilidade económica de cada uma delas.
DT- É verdade que Diego Ventura pediu 100 mil euros para
tourear no Campo Pequeno?
RB- Não. É totalmente
falso. Nas conversas exploratórias que houve com a Casa Matilla, falou-se em
pormenores de datas, possibilidade de cartéis, ganadarias, mas sem que se
aprofundasse a questão económica. Neste momento não existe nenhum contrato
fechado com nenhum artista, até porque estamos à espera de decidir o número de
corridas e datas para esta temporada, em função aliás, de alguns movimentos
empresariais que estão em curso.
DT- Ganadarias em 2013 em Lisboa?
RB- De momento, estão
certas as de Luís Rocha e Antonio Silva (Galardões para o Melhor Toiro e Melhor
Corrida). Teremos as melhores ganadarias para servir um publico diria de
“aficionados de largo espectro”, ou seja, desde os mais toureiristas aos menos
toureiristas mas todos eles com direito a sentarem-se nas bancadas do Campo
Pequeno e das outras praças que administramos, para desfrutarem do espectáculo
de que gostam.
DT- Nas praças de província já está alguma coisa desenhada?
RB-A estrutura da
temporada nas praças fora de Lisboa, terá a uma estrutura semelhante à de 2012,
apostando nas datas tradicionais, pois neste momento, face à crise económica
que o país atravessa, mais vale consolidar datas do que estar a inventar
outras, com forte probabilidade de fracasso económico. Agora o que está sempre
na nossa mente é a dignificação das praças de toiros, dos artistas e ganaderos
intervenientes nos cartéis e a dignificação da festa, no geral.
DT- Lisboa vai continuar a homenagear toureiros em 2013?
Quais são as figuras da festa que este ano vão ser reconhecidas?
RB- Sempre que houver
motivo ou justificação para homenagear pessoas destacadas da festa, sejam eles
toureios ou não, o Campo Pequeno estará aí para marcar a sua posição, honrando
aqueles que se destaquem. Contudo, o que houver na temporada de 2013, neste
aspecto específico terá uma filosofia diferente daquela que vigorou em 2012,
pois na temporada passada o objectivo era homenagear personalidades,
coincidindo com a comemoração dos 120 anos do Campo Pequeno.
DT- Um empresário luso, Albino Caçoete, tem feito alguns
contratos, apelidados como “exclusivas”, com alguns toureiros. Esses mesmos
artistas estão já contratados para Lisboa?
RB- Como atrás
referi, os contactos com apoderados com vista aos cartéis de 2013, estão numa
fase ainda muito exploratória.
DT- Mas ainda não falou com esse empresário com vista a
contratar ou não um dos seus toureiros?
RB- Não tendo ainda
havido contactos concretos, como calcula, não tenho respostas nem positivas nem
negativas.
DT- A empresa de Lisboa vai concorrer a alguma praça que
esteja a concurso? Qual ou quais os espaços que interessam ao Campo Pequeno?
RB- O Campo Pequeno
pretende, nesta temporada, consolidar a exploração das praças onde já está. Não
interessa dispersar recursos em época de crise. Há, isso sim, que estar
concentrado, focalizado nos activos que temos, desenvolvê-los e
rentabilizá-los.
DT- Em 2013 a bilheteira do Campo
Pequeno vai manter-se inalterada ou vai haver aumentos devido à crise?
RB- A meio da
temporada de 2012, procedemos a um reajustamento de alguns preços da nossa
tabela, bem como a condições promocionais, envolvendo designadamente os grupos
de forcados. Somos suficientemente flexíveis para, caso a conjuntura o
recomende, podermos fazer algum ajustamento, sobretudo tendo em conta os
jovens. Queremos, isso sim, ter alguma forma de compensação dos nossos abonados
pelos reajustes que foi necessário fazer na temporada de 2012.
DT- No que diz respeito ao toureio a pé, o que podemos ver
este ano na capital portuguesa?
RB- Desde logo a
repetição de Ivan Fandiño, o triunfador em 2012, vencendo o “Galardão Campo
Pequeno”, na Categoria de Matador de Toiros. Há um naipe de matadores de toiros
espanhóis com interesse para Portugal do qual poderá vir algum, sempre tendo m
conta o momento particularmente delicado que vivemos, do ponto de vista
económico. Sobretudo, há também que desenvolver o Projecto da Academia de
Toureio do Campo Pequeno. Voltaremos a realizar, já no mês que vem (Fevereiro),
o VI Encontro Internacional de Escolas Taurinas. Por outro lado, tudo leva a
crer que reeditaremos o Ciclo de Novilhadas de promoção de novos valores, que
tão bons resultados deu no ano anterior.
Fotos:D.R
Fotos:D.R