Na foto: Rui Bento e o presidente do município, Luís Mourinha
O Campo Pequeno recebeu a praça de toiros de Estremoz das mãos
do executivo camarário, mas a oposição critica essa tomada de posição.
De acordo com o JornalE, as coisas não são tão pacíficas
como fizeram querer…Política misturada com toiros nunca deu bom resultado…..vamos
ver o que isto dá!
A paz não reina taurinamente falando naquela cidade...Depois do caso "Cortes", segue agora adjudicação do espaço...
A seguir, a peça que vem publicada no JornalE!
O Município de
Estremoz e a sociedade Campo Pequeno assinaram esta semana um acordo,
renovável
de ano em ano, para a concessão da Praça de Touros de Estremoz.
O assunto foi
debatido na última reunião de Câmara, no dia 9 de abril.
Para o MiETZ este
protocolo só traz benefícios ao concelho. Já a bancada socialista contestou o
processo, em virtude de não ter sido realizado um concurso público. Confira as
reações.
Luís Mourinha ·
Presidente CM Estremoz
Não há nenhuma Praça
financiada por fundos comunitários que abra concurso para a sua exploração. Nem
Évora, nem Redondo, nem Elvas.Cerca de 80% das praças nacionais são exploradas
pelas misericórdias. Praticamente todos os concursos abertos ficaram desertos.
As praças este ano foram oferecidas. A situação foi alterada por motivos económicos
e muitas vezes em valores a 10 anos. Dizer que se perde milhares de euros é
tudo treta. Os preços baixaram significativamente.
Só temos a ganhar se a
praça tiver qualidade nos espetáculos, não como aconteceu num recentemente em
Elvas, onde só faltou o público pedir a devolução do dinheiro. Foi um
espetáculo péssimo e isso nós não queremos na Praça de Estremoz.
A grande maioria dos
empresários não paga aos toureiros, forcados e funcionários, acontece em 90%
das vezes. Só há duas ou três empresa que pagam no final dos espetáculos e uma
já praticamente não existe (Campo e Praça). A sociedade Campo Pequeno faz outra
coisa, paga antes dos espetáculos. É isso que nos interessa, dá bom nome à
praça. Queremos que as pessoas queiram vir à praça e não o contrário porque não
lhes pagam.
Se perguntar a qualquer
indivíduo ligado aos touros, 99% das pessoas em Estremoz diz que a praça ter
sido entregue à sociedade Campo Pequeno foi o melhor que aconteceu. Se for
preciso até lhe dou o nome das três pessoas que são contra.
O abrir concurso nem
sempre é o mais vantajoso. Além do mais, neste protocolo há a possibilidade de
haver espetáculos noutra área que não os touros. Eles (sociedade Campo Pequeno)
têm também a capacidade de influenciar as televisões que nós não temos. Vamos
ver o que conseguimos fazer com os meios que temos. A recuperação da praça não
foi exclusiva para os touros.
José Alberto Fateixa
· Vereador PS
Não está em causa o
profissionalismo e a capacidade de mobilizar meios da empresa que gere o Campo
Pequeno. Trata-se de um método público para permitir que privados façam
exploração de coisas financiadas com dinheiros públicos. É essa a nossa
diferença. A nossa única divergência é sobre o modo como este processo é
tratado, estando nós a falar de uma obra que foi feita com dinheiros públicos.
Discordamos da proposta
apresentada e votamos contra em virtude de, em nosso entendimento, não terem
sido respeitadas as regras de concurso público para que os interessados
pudessem concorrer, sem que fosse salvaguardado os interesses da transparência.
Francisco Ramos ·
Vice-Presidente CM Estremoz
A Câmara Municipal não
fez nenhuma subconcessão à sociedade Campo Pequeno, mas sim um acordo de
colaboração pontual para o exercício, em dois momentos durante o ano 2014, que
é a organização de duas corridas de touros (FIAPE e Festas da Exaltação da
Santa Cruz).
Não é diferente quando
a Câmara acorda com uma companhia teatral que venha usar o Teatro Bernardim
Ribeiro para exercer ali uma peça de teatro. Não há nenhum procedimento
concursal, apenas um acordo. A Câmara não quer, não pode, nem deve assumir
riscos do ponto de vista financeiro em atividades desta natureza. Se porventura
vier a haver prejuízos, e oxalá isso não aconteça, por parte da atividade ali
desenvolvida, que ninguém venha bater à porta da Câmara Municipal de Estremoz.
Todo o espaço continua
a ser gerido pela Câmara. Aliás, consta inclusive no acordo, que a
eventualidade de ocorrer por parte da sociedade Campo Pequeno outras atividades
de natureza cultural, desportiva ou recreativa, é mediante a disponibilidade da
praça. A Câmara pode eventualmente tê-la já afeta a outra atividade. Quem manda
na praça é a Câmara.
José Daniel Sadio ·
Vereador PS
Comparando com o Teatro
Bernardim Ribeiro, que eu saiba, não tenho conhecimento neste mandato ou em
anteriores, de uma companhia que tenha os direitos exclusivos de fazer peças de
teatro. A sociedade do Campo Pequeno tem o exclusivo de organização de eventos
na Praça de Touros.
A praça já tem sete
meses, teve dois dias aberta para eventos, e não tem um regulamento de
utilização. Se uma pessoa quer organizar um evento na Praça de Estremoz. Qual é
o regulamento? Quais são as condições? Que cláusulas existem? Não conheço
nenhumas. Os senhores têm as suas opções e os seus métodos de gerir, nós temos
o direito de discordar e de sinalizar.
Pensava que tinham
aprendido com o passado, mas não aprenderam nada. Ainda sou do tempo que se
defendia afincadamente a entrega da concessão da praça a outra empresa, acordo
que eu nunca vi, nem li, mas que existia. Não sei que garantias tinha essa
empresa. Tudo aquilo que está no acordo pode ser de facto a melhor das
propostas e beneficiar o concelho, claro que pode, mas ficará sempre o ´se´.
Ninguém pode aqui garantir que não existiria outra empresa que não oferecesse
isto ou mais, porque isto não foi público. Foi um acordo feito entre duas
partes. É assim que as coisas funcionam em termos de clareza.
AC
Texto e fotos: JornalE