O jovem acusado do homicídio do cabo do grupo de forcados de Montemor-o-Novo afirmou hoje, no Tribunal de Alcácer do Sal, não se lembrar de ter atingido alguém com uma arma branca na noite do crime.
Em resposta às questões do coletivo de juízes, o arguido, de 20 anos, admitiu ter agarrado "numa faca que estava no chão" e que usou para tentar afastar os homens que o rodeavam, mas reiterou não se ter apercebido de que a arma tivesse atingido alguém, ou que outra pessoa a tivesse usado.
O julgamento do jovem, que está acusado dos crimes de homicídio simples e ofensa à integridade física qualificada, começou hoje de manhã, no Tribunal de Alcácer do Sal.
O caso ocorreu na madrugada de 23 de junho de 2013, quando, na sequência de uma desordem, na Feira do Turismo e das Atividades Económicas (Pimel), em Alcácer do Sal, o arguido terá provocado a morte do cabo do Grupo de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo, José Maria Cortes, de 29 anos, com uma arma branca.
O arguido, residente em Setúbal, alegou que, na noite do incidente, deslocou-se à cidade alentejana, com mais quatro amigos e a namorada, estando na zona das tasquinhas da feira quando dois homens os começaram "a ofender e a prometer porrada" por eles estarem a gritar pelo clube de futebol Vitória de Setúbal.
Segundo a sua versão, na altura, tentou acalmar a situação, mas acabou envolvido no desacato e, durante "pelo menos 45 minutos", terá sido agredido por mais de oito pessoas, nomeadamente com "pontapés na cabeça", não conseguindo fugir.
Durante a rixa, terá encontrado "no chão", "já aberta", uma "faca", que tentou usar para "afastar" os alegados agressores, mas sem conseguir quantificar a força que empregou no ato.
O jovem terá acabado por conseguir escapar e, hoje em tribunal, argumentou que se dirigiu a dois militares da GNR, que o conduziram a uma viatura e o levaram para o posto de Alcácer do Sal, mas só terá sabido que alguém tinha sido atingido com a arma branca "três ou quatro dias depois", em casa, pelos meios de comunicação social.
O arguido está em prisão preventiva desde o início de julho de 2013, altura em que foi decretada a medida de coação mais gravosa, após ter sido detido pela Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal.
O incidente, ocorrido no recinto da Pimel, envolveu cerca de 60 pessoas, tendo resultado 10 feridos, dois deles graves, entre os quais José Maria Cortes.
O forcado foi transportado para o Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, onde foi operado para "suturar a ferida cardíaca".
No dia seguinte, "por uma questão de prevenção de complicações", a vítima foi transferida para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas acabaria por morrer, a 27 de junho, depois de ter entrado em coma.
De acordo com a Polícia Judiciária de Setúbal, o forcado foi atingido "com vários golpes de arma branca, os quais, atenta a sua gravidade, extensão e localização, vieram a provocar a sua morte".
O julgamento prossegue durante a tarde de hoje e na sexta-feira de manhã.
FONTE: Agência Lusa