A Praça de Toiros do Campo
Pequeno, a mais emblemática de Portugal e uma das mais respeitadas a nível
mundial, completa hoje 122 anos de glória, cultura e tradição, apresentando-se
desde 2006, como um espaço de lazer adaptado às exigências do século XXI.
O historial do Campo Pequeno
confunde-se com o historial da tauromaquia mundial ao longo destes anos.
A actual praça de toiros do Campo
Pequeno sucedeu à que existiu no Campo de Santana, inaugurada a 3 de Julho de
1831 e encerrada em 1888, na sequência de uma vistoria que interditou o
edifício, por questões de segurança relacionadas com o mau estado de
conservação.
A 19 de Fevereiro de 1889, a
Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma proposta para conceder à Casa Pia,
instituição que ainda hoje detém a exclusividade da organização de corridas de
toiros em Lisboa, um terreno para a construção de uma nova praça de toiros, no
Campo Pequeno.
Por dificuldades económicas, a
Casa Pia cedeu a uma empresa privada o direito de construção do
recinto e o da
sua exploração por 90 anos, findos os quais o edifício lhe deveria ser
entregue, livre de quaisquer ónus ou encargos. Para o efeito constituiu-se a
Empreza Tauromachica Lisbonense, cujos accionistas fundadores foram: Albino
José Batista, Alfredo Ascensão Machado, António Anastácio Gomes, António
Cardoso de Oliveira Júnior & Irmão, António J. Dias da Silva, Domingos
Esteves de Oliveira Gouveia, Duarte Pinto da Silva, Frederico Ressano Garcia,
Guilherme Bizarro da Silva, José Rodrigues Pires, Luís Ernesto Reynaud, Manuel
Gouveia Júnior, Manuel J. Alves Dinis, Manuel Luís Fernandes, Raimundo Silva
Leal e Tomás Garcia Puga. Mais tarde entraram também para a ETL Eduardo Perry
Vidal e José Batista Pinhão.
O custo da praça orçou em 161
200$000 réis, pagos pelos referidos accionistas, que ficaram com o direito de
propriedade e da organização de corridas pelo período referido, na condição de
pagarem à Casa Pia uma renda anual de 3500$000 réis.
O edifício, cujo projecto é da
autoria do Arquitecto António José Dias da Silva, constitui uma das principais
construções e estilo néo-árabe existentes em Portugal.
Entre 2000 e 2006, a praça e
espaços envolventes foram objecto de obras de restauro e, das quais a
mais
importante e grandiosa foi a cobertura do edifico, uma estrutura mista, com
parte móvel e parte fixa, que permite a utilização do recinto independentemente
das condições atmosféricas.
Há 122 anos, por esta hora, o
primeiro toiro de Emílio Infante da Câmara saiu à arena. A sua lide coube ao
cavaleiro Alfredo Tinoco o qual, a par do seu alternante dessa tarde, Fernando
de Oliveira, disputava o primeiro lugar no naipe dos mais importantes ginetes
do século XIX. Para a história, recorda-se o cartaz inaugural… Cavaleiros:
Alfredo Tinoco e Fernando de Oliveira. Bandarilheiros: Vicente Roberto, Roberto
da Fonseca, José Peixinho, João Calabaça, João Roberto e os seus colegas
espanhóis Felipe Aragón “Minuto” e “Pescadero”.
De então para cá, passaram pelo
Campo Pequeno todas as maiores figuras mundiais do toureio, viveram-se momentos
de triunfo, glória e tragédia, enfim tudo o que constitui o sortilégio da festa
de toiros.
Imagens:D.R