DECLARAÇÃO
PROCESSO DE TRANSIÇÃO DA LIDERANÇA DO GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE ÉVORA
BERNARDO SALGUEIRO PATINHAS, na qualidade de Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Évora, DECLARA, sob compromisso de honra, que o presente testemunho É VERDADEIRO e CORRESPONDE À REALIDADE, sob pena de violação dos artigos 359.º (falsidade de depoimento ou declaração) e 360.º (falsidade de testemunho, perícia, interpretação ou tradução), ambos do Código Penal.
No seguimento do conturbado processo de transição da liderança do Grupo de Forcados Amadores de Évora cumpre esclarecer, factualizando, todos os procedimentos e diligências realizadas até à presente data.
Nesta exposição não farei qualquer juízo de valor, não partilharei qualquer opinião, transcrevendo factos, por ordem cronológica e os quais poderei provar irrefutavelmente.
Informo ainda todos os Senhores Aficionados que uma vez publicamente conhecido e divulgado este depoimento, não mais voltarei a mencionar o tema, responder a perguntas, replicar contestações, caso existam, e no caso de me sentir ofendido na honra, bom nome e dignidade tomarei as diligências judiciais necessárias para fazer valer os meus direitos em sede própria.
Será, desta forma, caso encerrado sem possibilidade de recurso.
Considerações prévias sobre a natureza jurídica do Grupo de Forcados Amadores de Évora e sobre a eventual exclusão do mesmo.
O Grupo de Forcados Amadores de Évora foi constituído como Associação de Forcados Amadores de Évora por escritura lavrada no dia 11 de Agosto de 1998, perante a Exma. Sra. Dra. Maria Gabriela Diniz da Fonseca Nunes Pimentel, Notária do Cartório Notarial de Arraiolos.
Enquanto Associação, sem fins lucrativos, juridicamente constituída rege-se por Estatutos e Regulamento Interno legalmente aprovados em Assembleia Geral.
O artigo 6.º dos Estatutos da Associação de Forcados Amadores de Évora prevê e elenca o conjunto de deveres dos Associados, sendo estes:
a) Pagar as quotas de acordo com o estipulado pela Assembleia Geral;
b) Cumprir as disposições dos Estatutos e do Regulamento Interno;
c) Participar nas Assembleias Gerais da Associação;
d) Exercer, gratuitamente, os cargos para que foram eleitos.
O artigo 7.º do mesmo diploma prevê a exclusão do Associado, nos seguintes termos: podem ser excluídos os Associados que:
a) Não pagarem as suas quotas durante o período determinado no Regulamento Interno;
b) Violarem os Estatutos ou o Regulamento Interno;
c) Não cumprirem as Directivas aprovadas pela Assembleia Geral.
Complementarmente aos Estatutos, o Regulamento Interno dispõe no artigo 5.º que é dever do associado respeitar e fazer respeitar as regras de boa conduta social.
Podendo ser excluído o associado que, de acordo com o artigo 6.º deste diploma, não pagar as quotas durante seis meses consecutivos.
A Associação de Forcados Amadores de Évora, maxime, Grupo de Forcados Amadores de Évora é parte integrante/membro da Associação Nacional de Grupo de Forcados estando submetida aos deveres de sócios e gozando dos direitos à sua qualidade inerentes.
Os Estatutos da Associação de Forcados Amadores de Évora não podem desrespeitar os Estatutos e os Princípios da Associação Nacional de Grupos de Forcados, estando Associação de Forcados Amadores de Évora igualmente vinculada ao respeito do Regulamento Geral Interno desta última.
São deveres dos sócios da Associação Nacional de Grupos de Forcados, à luz do artigo 8.º do regulamento Geral Interno:
a) Participar activamente na vida da ANGF e contribuir para o prestígio desta, integrando grupos de trabalho, sempre que necessário.
b) Honrar a ANGF, através do trabalho que desenvolve como associação taurina, numa ligação estreita com o público aficcionado do meio onde está inserida.
c) Pagar pontualmente as quotas e as importâncias devidas pela jóia, Estatutos e Regulamento Geral Interno.
d) Cumprir rigorosamente os Estatutos e o Regulamento Geral Interno, assim como as deliberações dos órgãos directivos.
e) Aceitar e desempenhar com zelo, probidade e assiduidade, os cargos para que seja eleito ou nomeado.
f) Tomar parte nas assembleias gerais ou em quaisquer reuniões para que seja convocado, propondo o que considerar vantajoso para o desenvolvimento da ANGF ou para um mais perfeito funcionamento da sua organização.
g) Pedir a demissão, por escrito, quando não pretender continuar a ser sócio, procedendo ao pagamento de todos os débitos contraídos.
Os sócios que infringirem os Estatutos e o Regulamento Geral Interno ficarão sujeitos às seguintes penas, de acordo com o artigo 9.º deste último diploma:
a) Repreensão registada;
b) Suspensão;
c) Expulsão.
No preceituado do número 4 do artigo 10.º do Regulamento Geral Interno da Associação Nacional de Grupos de Forcados, NENHUMA PENA poderá ser aplicada sem que aos sócios sejam dadas as POSSIBILIDADES DE DEFESA, em adequado processo disciplinar, sendo que a aplicação da pena de expulsão, da competência da Assembleia Geral, será sempre decidida com base numa proposta fundamentada da Direcção.
Servem estas considerações prévias para demonstrar a importância da DEFESA como direito constitucionalmente previsto e consagrado e para, como melhor se verá pela descrição dos factos, que todo o processo de transição de liderança do Grupo de Forcados Amadores de Évora enferma por nulidade e ilegalidade pois não foram observados os direitos de defesa nem estão cumpridos os requisitos para a aplicação da pena de expulsão, tanto nos termos dos Estatutos e Regulamento Interno da Associação de Forcados Amadores de Évora, como dos Estatutos e Regulamento Geral Interno da Associação Nacional de Grupos de Forcados, da qual o primeiro é membro e sócio.
DOS FACTOS:
No dia 3 de Setembro de 2011, Sábado, após a corrida de touros realizada na praça de touros do Campo Pequeno, no dia 1 de Setembro de 2011, quinta-feira, o antigo elemento e Cabo Sr. João Pedro Oliveira, acompanhado do seu filho, actual elemento do Grupo de Forcados Amadores de Évora, com o mesmo nome, encontrou-se com o antigo elemento, fundador, do Grupo de Forcados Amadores de Évora, Eng. João Bonneville Franco no Centro Comercial Amoreiras, em Lisboa, onde, entre outras coisas, o terá informado que “iriam colocar o Bernardo Patinhas fora do Grupo, por desonra da jaqueta do Grupo de Forcados Amadores de Évora”.
Na véspera deste encontro o antigo Cabo e forcado do Grupo, Sr. João Pedro Oliveira contactou telefonicamente o forcado Manuel Silveira, mostrando o seu descontentamento face à minha chefia, facto que nunca ocultou desde o momento da minha eleição em Outubro de 2007 (tomada de posse em 28 de Junho de 2008) apresentando queixas nomeadamente, ao que havia chegado o seu Grupo; o que se andava a fazer ao seu Grupo e finalmente que não iria permitir mais situações destas.
Nessa mesma noite fui informado pelo Eng. João Bonneville Franco do conteúdo de tal conversa e das pretensões dos intervenientes.
Sexta-feira, dia 9 de Setembro, fui contactado por volta das 19h30, pelo actual elemento do GFAE, Sr. Manuel Silveira, que nesse momento iria iniciar-se uma reunião marcada por alguns elementos activos do GFAE, à revelia do Cabo, tendo sido inclusivamente o próprio Sr. Manuel Silveira excluído da referida reunião marcada, sendo este o quarto forcado mais antigo, o que com maior regularidade se fardava e inclusivamente o que, no decurso da temporada, havia saído a Cabo, na impossibilidade, por doença, do Cabo em funções.
No dia 9 de Setembro de 2011 realiza-se uma reunião, agendada e promovida por José Maria Menéres, elemento actual do GFAE, não sendo dos mais antigos, em casa do também elemento actual Ricardo Casas-Novas com a presença dos seguintes elementos, todos actuais: 1) Carlos Sequeira Guerreiro 2) Manuel Rovisco 3) António Alfacinha 4) Ricardo Casas Novas 5) Gonçalo Pires 6) José Vacas 7) Luís Engeitado 8) Miguel Saturnino 9) Gonçalo Guerreiro; 10) Duarte Tirapicos11) Telmo Inácio 12) José Miguel Martins Foram, durante a reunião, contactados telefonicamente e mantidos ao corrente da ordem de trabalhos, os seguintes elementos: 13) Rui Sequeira 14) Cláudio Carujo 15) Francisco Abreu 16) Rui Nobre.
O objectivo da reunião seria a destituição imediata do Cabo, havendo inclusivamente elementos que se recusaram a fardar-se enquanto o Cabo actual permanecesse na gestão do Grupo.
Confrontado com esta situação e tomada de posição, uma vez que toda e qualquer reunião é marcada pelo Cabo ou por elementos com conhecimento e consentimento do Cabo, fui informado, mais uma vez pelo forcado Manuel Silveira, que alguns dos elementos presentes nessa primeira, em concreto Carlos Sequeira Guerreiro, Manuel Rovisco Pais e José Maria Menéres, este último com insistência e exigência em estar nesta reunião, facto que eu não sabia, queriam dar-me conhecimento do conteúdo e decisões tomadas na referida reunião.
No dia 11 de Setembro de 2011, Domingo, à tarde, é promovido um encontro em casa do forcado Manuel Silveira, na presença do mesmo e dos elementos Carlos Sequeira Guerreiro, Manuel Rovisco Pais e José Maria Menéres. Neste encontro os elementos presentes na reunião de dia 9 de Setembro expuseram ao Cabo os motivos e argumentos que justificavam, no seu entendimento a saída imediata do Cabo, sendo já um dado adquirido e facto consumado. Eu ouvi, defendi-me, à posteriori, das acusações feitas não revelando quaisquer decisões da minha parte.
Na semana seguinte, contactei telefonicamente os antigos cabos, os Srs. João Pedro Oliveira e João Pedro Rosado para ouvir as suas opiniões e marquei uma reunião com ambos na quinta-feira, dia 15 de Setembro de 2011, pelas 18h, no escritório do Sr. João Pedro Rosado.
Nesta reunião, limitei-me a ouvir os antigos cabos, concordando ambos que a minha manutenção como Cabo era insustentável devido ao descontentamento, reconhecendo o meu antecessor Sr. João Pedro Rosado que o que havia sido
feito para a destituição estava errado mas que estava feito e que poderia fazer uma de duas coias: sair imediatamente, o que ele faria, ou, “contar espingardas”, citando o próprio, e ver se poderia manter a chefia do Grupo. O antigo Cabo, Sr. João Pedro Oliveira, confirmou que teve conhecimento da reunião realizada no dia 9 de Setembro, à revelia do Cabo, argumentou contra a minha manutenção e que a minha saída era inevitável, embora tenha mostrado descontentamento pela natureza da primeira reunião, secreta, nada fez para a evitar, consentindo assim a mesma, não de forma expressa, mas tacitamente.
Uma vez mais, nesta reunião não mostrei qualquer intenção, limitando-me a ouvir.
No mesmo dia 15 de Setembro realiza-se outra reunião secreta, à revelia do Cabo, do qual fui novamente informado pelo forcado Manuel Silveira.
Nesta reunião, promovida pelo João Pedro Oliveira (filho) e pelo forcado José Vacas, foram convocados todos os actuais elementos, mais novos, que não estiveram presentes na primeira reunião de dia 9 de Setembro por não terem sido convocados.
O objectivo desta reunião marcada e dirigida por João Pedro Oliveira (filho) e José Vacas foi informar todos os mais novos das decisões tomadas na primeira reunião, expor-lhes os argumentos e acusações para a minha expulsão e informá-los que deveriam estar a favor da mesma, com efeitos imediatos, antecipando o ponto que se segue,
No hiato entre o dia 11 de Setembro e o dia 15 do mesmo mês pensei convocar todos os mais novos, melhor, todos os que não tivessem estado presentes na reunião de dia 9 de Setembro, para lhes dar conhecimento do que estava a ocorrer no seio do Grupo, encetei inclusivamente alguns contactos, nomeadamente aos forcados Manuel Dias, André Letras, Bernardo Mira Cruz, Jorge Gonçalves, Gonçalo Barradas.
Em consciência, reflecti que não deveria ter o mesmo comportamento que os reaccionários e decidi, em boa hora, marcar sim uma reunião, mas como todos os elementos activos do GFAE, não querendo assim exercer qualquer influência sobre nenhum forcado e ter oportunidade de ouvir de cada um deles as suas acusações e ter possibilidade de ser ouvido e defender-me.
Voltei a contactar os que já havia informado no sentido de anular a eventual reunião e marquei a
reunião geral, com todos os elementos actuais do Grupo de Forcados Amadores de Évora, no dia 16 de Setembro de 2011, novamente em casa do forcado Manuel Silveira
No dia 16 de Setembro, sexta-feira, pelas 20h, realiza-se a reunião, com a presença de 32 elementos actuais, marcada por mim, na qualidade de Cabo.
Nesta fiz uma breve nota introdutória, apresentando defesa do que vinha sendo acusado, seguidamente dei a palavra aos forcados para que cada um expusesse as suas pretensões, acusações e motivos de tomada de posição radical, fazendo-o, sob minha proposta, do mais novo para o mais velho.
Na nota introdutória tive a preocupação de dizer que seria o primeiro a procurar corrigir os erros e caso estes subsistissem que abandonaria a chefia do Grupo de Forcados Amadores de Évora, mas nunca desta maneira. Seguidamente, o elemento mais velho em activo, Carlos Sequeira Guerreiro tomou imediatamente a palavra e em vez de expor os seus argumentos, ao contrário do que eu havia definido, numa manobra premeditada, promoveu uma votação automática e sem precedentes para a minha destituição.
Feita a votação, de braço no ar, dos 32 presentes, apenas os forcados Manuel Rovisco Pais, Manuel Silveira, Cláudio Carujo, Francisco Abreu, José Miguel Contreiras, Bernardo Mira Cruz, Carlos Rodrigues e Dinis Caeiro não votaram a favor da minha destituição.
Finda a votação, seguiu a reunião o rumo normal, voltando a ser dirigida por quem a havia convocado, o Cabo, passando então a palavra para os forcados.
Das muitas acusações que fui alvo, muitas são erros meus, negligência e falta de zelo, reconheço, admito e prontifiquei-me a rectificar, nenhuma dessas falhas é, a meu ver, imperdoável, irreversível, muito menos susceptível de expulsar alguém.
Outras acusações são verdadeiras provocações, ofensas à honra e bom nome, difamações, sem qualquer tipo de argumentação e totalmente refutáveis, inclusivamente entrando no foro da minha vida privada, sem qualquer relevância do ponto de vista da gestão do Grupo, totalmente desprovidas de humanidade e ofensivas;
Não posso deixar de referir as ofensas públicas em diversas praças de touros, no decorrer da temporada, por parte da Sra. Madalena Oliveira, filha do Sr. João
Pedro Oliveira, irmã do forcado João Pedro Oliveira e namorada do forcado José Maria Menéres.
Outras ainda reportam ao eventual tratamento privilegiado do Cabo Fundador do Grupo de Forcados Amadores de Évora, Sr. João Nunes Patinhas, meu pai, em detrimento dos seus sucessores, Srs. João Pedro Oliveira e Sr. João Pedro Rosado.
Foi-me dito pelo forcado Ricardo Casas-Novas, antigo elemento e dissidente do Grupo de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo, que me haviam sido dadas todas as oportunidades para ser Cabo,
No final da reunião conformei-me com a votação, pois representava a vontade geral do Grupo, pese embora tenha nascido de antecedentes antidemocráticos e informei que sairia na última corrida da presente temporada, comandando o Grupo até essa data, em concreto dia 30 de Setembro, final da corrida, ou seja em exercício pleno de poderes até ao final da corrida e respectivo tradicional jantar ou ceia.
Esta decisão foi igualmente contestada e os elementos José Maria Menéres, José Malta Vacas e Miguel Saturnino recusaram fardar-se enquanto eu estivesse na chefia do Grupo, tendo sido posteriormente aconselhados a não o fazerem para bem do Grupo.
Na reunião foi-me finalmente proposta uma saída com festa para preservação do meu nome e reputação, com passagem de testemunho, proposta que recusei imediatamente por não pactuar com cinismo ou hipocrisia, justificando que estamos na presença de uma expulsão ou destituição, não de uma mudança de Cabo nos contornos normais,
Comprometi-me sair, e deixar a chefia do Grupo no final da última corrida, que comandaria sem reservas, da presente temporada, sem qualquer tipo de celebração.
No dia 26 de Setembro, volto a ser contactado pelo forcado Manuel Silveira, no sentido de apurar a disponibilidade do meu pai, antigo forcado e Cabo Fundador do GFAE para ser ouvido apenas e só pelos Forcados Manuel Silveira, Manuel Rovisco Pais e Francisco Abreu, no que respeita ao eventual sucesso, numa diligência supostamente movida para ouvir os três antigos Cabos, Srs. João Nunes Patinhas, João Pedro Oliveira e João Pedro Rosado.
O modo escolhido para esta diligência seria ouvir cada Cabo em sua casa, por um conjunto de antigos elementos, Carlos Sequeira Guerreiro, António Alfacinha, Gonçalo Caldeira Pires, José Maria Menéres e Ricardo Casas Novas no sentido de aconselhamento para substituição da liderança, estes últimos a juntar aos primeiros três elementos.
A ideia foi da autoria do Forcado Manuel Silveira, que marcou as reuniões, falando comigo, com o Sr. João Pedro Oliveira e o Sr. João Pedro Rosado. A natureza destas reuniões era unicamente consultiva. Toda e qualquer decisão passava pela consulta aos cabos antigos, pela consulta aos dez elementos mais velhos, e, caso houvesse mais do que uma alternativa, pelo Grupo todo.
As reuniões, conforme agendadas pelo Manuel Silveira teriam lugar às 18 horas, em casa do Cabo Fundador, Sr. João Nunes Patinhas, nunca se realizou, tendo-se comprometido para tal o forcado Manuel Rovisco Pais, e às 19 horas em casa do Sr. João Pedro Oliveira, com a presença do Sr. João Pedro Rosado, que acabou por não comparecer.
Apenas o antigo Cabo Sr. João Pedro Oliveira foi ouvido, em sua casa, o antigo Cabo Sr. João Nunes Patinhas nunca foi sequer informado, contactado ou notificado e desconheço se o antigo Cabo Sr. João Pedro Rosado tomou conhecimento. Motivo pelo qual, o forcado Manuel Silveira, discordando com esta medida, se afastou e não marcou presença na reunião marcada e realizada em casa do antigo Cabo Sr. João Pedro Oliveira, mais ainda por ter sido contactado telefonicamente pelo forcado José Maria Menéres, que exigia estar nesta reunião, não sendo dos elementos mais antigos, mas que acabou por comparecer.
No dia 28 de Setembro, ao final da tarde, 19 horas, promove-se então a reunião, única, com o único antigo Cabo, Sr. João Pedro Oliveira, em sua casa, com a presença dos forcados Manuel Rovisco Pais, António Alfacinha, Francisco Abreu, Gonçalo Caldeira Pires, José Maria Meneres e Ricardo Casas Novas, o elemento Carlos Sequeira Guerreiro não compareceu, estando supostamente ao corrente dos factos, telefonicamente.
Nesta reunião, o antigo Cabo Sr. João Pedro Oliveira indigitou, sem reservas, o novo Cabo do GFAE, que seria o António Alfacinha, conforme informação
avançada nesse dia e confirmada, sempre telefonicamente, no dia seguinte pelos forcados Manuel Rovisco Pais e Francisco Abreu, presentes no acto.
O Sr. João Pedro Oliveira reiterou que não havia outra possibilidade, que não deveria ser ouvido mais ninguém pois não havia segunda hipótese e que inclusivamente outros forcados, da craveira do Manuel Rovisco Pais, poderiam ter condições idênticas às do António Alfacinha, mas por motivos do foro privado e pessoal comprometeriam a sua gestão. Francisco Abreu, indignado com esta decisão unilateral do antigo Cabo Sr. João Pedro Oliveira, tentou manifestar-se mas foi rápida e eficazmente silenciado, uma vez que o Sr. João Pedro Oliveira já havia designado o Cabo substituto do Cabo expulso.
Os elementos actuais do Grupo de Forcados Amadores de Évora, que tiveram papel preponderante e votaram para o meu afastamento como Cabo, tomaram conhecimento do sucessor, tal como eu próprio, oficialmente, sem qualquer participação no processo, sem serem ouvidos, no dia 2 de Outubro, Domingo, antes da fardamenta para a corrida de touros a realizar em Alcácer do Sal, sem terem levantado qualquer objecção ou sequer, sem ter feito qualquer comentário a esta informação ou comunicado feito pelo forcado Manuel Rovisco Pais.
Desde esse dia, mais aliás, desde o início do processo unilateral de expulsão que o ambiente vivido entre os elementos se tem vindo deteriorar.
O Grupo de Forcados Amadores de Évora, convidado para a 1.ª Edição do evento Festa Brava, realizado em Beja, dos dias 7 a 9 de Outubro, tendo participado no dia dedicado ao Forcado, dia 7, com uma demonstração de pegas e sortes antigas marcou presença no evento, tendo inclusivamente um stand expositor no recinto do evento.
No dia da participação houve um almoço e jantar dos elementos do GFAE, actuais e dois antigos, o antigo Cabo Sr. João Pedro Oliveira e o antigo forcado Pedro Mourinha Barradas realizado no total desconhecimento dos antigos elementos, também presentes na demonstração do Grupo e no stand, Cabo Fundador João Nunes Patinhas, Eng. Manuel Peralta Godinho e Cunha, Eng. Joaquim Serrão Fialho (fundadores), Bartolomeu Marciano e esposa (principais responsáveis pela montagem e manutenção do stand no evento).
Pelas circunstâncias actuais no relacionamento entre os elementos e eu próprio, não fui convidado ou informado do almoço, apenas recebi um telefonema de um
forcado já retirado, Pedro Barradas, perguntando se eu iria almoçar com o Grupo, ao qual respondi que desconhecia o almoço, não tinha sido convidado. No entanto o mesmo comportamento foi extensivo aos antigos elementos João Nunes Patinhas, Eng. Manuel Peralta Godinho e Cunha, Eng. Joaquim Serrão Fialho (fundadores), Bartolomeu Marciano e esposa, que não foram informados ou convidados,
Nesse dia, pela tarde, o Eng. Peralta Godinho e Cunha, autor de livros taurinos e em concreto alguns dedicados ao GFAE, iria apresentar e divulgar um livro do GFAE num colóquio promovido pela organização do evento.
No dia 18 de Outubro, tomei conhecimento através da leitura dos meios de comunicação electrónicos Toureio.com e Tauromania.com da existência de um suposto comunicado, que passo a transcrever:
“Évora, 19 de Outubro de 2011
O Grupo de Forcados Amadores de Évora, vem respeitosamente informar os Exmos. Srs. Aficionados, que no próximo dia 30 de Outubro de 2011 na "corrida dos Triunfadores", que terá lugar na arena de Évora, Bernardo Patinhas cessará as suas funções de cabo do grupo e será seu sucessor António Alfacinha, elemento deste grupo. O Grupo de Forcados Amadores de Évora"
Comunicado este proveniente de um endereço de correio electrónico, gfaevora@gmail.com, criado neste dia 18, conforme registo de contas criadas, disponibilizado pela Google, Google Contas.
Este endereço de correio electrónico fez uso indevido da identidade do Grupo de Forcados Amadores de Évora para difundir comunicados não oficiais, sem qualquer intervenção, criação e origem no Grupo de Forcados Amadores de Évora, uma vez que todos os endereços electrónicos oficiais estão devidamente registados nos meios de comunicação especializados e na própria Associação Nacional de Grupos de Forcados.
Quanto a prática deste crime foram já tomadas as necessárias medidas judiciais no âmbito das competências dos órgãos de investigação criminal para apuramento dos factos e aplicação de medidas aos responsáveis.
Na noite de 19 de Outubro fui contactado pelo forcado actual Gonçalo Caldeira Pires no sentido de assinar uma declaração, que passo a transcrever:
"Nós, actuais elementos do Grupo de Forcados Amadores de Évora, lamentamos e vimos por este meio desmentir todas as publicações anteriormente divulgadas no que diz respeito ao processo de mudança de cabo deste grupo. Gostaríamos ainda de referir e salientar que a decisão desta alteração é única e exclusivamente da responsabilidade dos actuais elementos do nosso grupo, tendo sido tomada em plena consciência e após apurada confrontação de factos na presença do actual cabo. Os actuais elementos deste grupo, Carlos Sequeira; Rui Sequeira;Manuel Rovisco, António Alfacinha; Ricardo Casas Novas; Cláudio Carujo; Gonçalo Pires; Francisco Abreu; Vasco Fernandes; José Menéres; José Vacas; João Pedro Oliveira; Luís Engeitado; Miguel Saturnino; Luís Nobre; Gonçalo Pedreira; Gonçalo Guerreiro; Duarte Tirapicos; Rui Nobre; José Miguel Martins; Telmo Inácio; Jorge Gonçalves; João Pedro Rego; Ricardo Sardinha; André Letras; Ricardo Sousa; João Paulo Marques; Bernardo Mira Cruz; José Miguel Contreiras; Carlos Rodrigues; Rui Gomes; Dinis Caeiro; Sérgio Godinho; Francisco Oliveira."
Recusei-me manifestamente assinar esta declaração por não corresponder à verdade, sobretudo quando informa que a decisão foi tomada em plena consciência e após apurada confrontação de factos na presença do actual Cabo. A confrontação foi na presença do Cabo, já com a decisão tomada, em reunião anterior, na ausência intencional do Cabo.
Na manhã de dia 20 de Outubro, pelas 09h30, após ter marcado os locais de fardamenta e jantar/ceia, após a corrida de dia 30 de Outubro, em Évora, fui contactado pelo forcado António Alfacinha que me transmitiu o seguinte, reforçando ser a decisão dos elementos do Grupo e a vontade destes:
1) Em primeiro lugar para desmarcar o jantar pois não fazia sentido ser no sítio em questão, para evitar problemas e caso eu achasse que deveria ser nesse local, nenhum dos actuais apareceria ao mesmo.
2) Em segundo lugar, relativamente à gestão da corrida de dia 30, que eu pegaria o touro que me correspondesse e me deveria encostar à barreira deixando a gestão do Grupo ao Cabo substituto, o próprio António Alfacinha, ou fazer a gestão de forma partilhada, por ser a vontade colectiva do Grupo.
3) Caso eu declinasse, nenhum dos elementos se fardaria comigo a Cabo na corrida e não teria elementos para pegar aos touros, sobretudo devido a uma entrevista dada pelo Sr. João Nunes Patinhas, que me é alheia e da qual tive conhecimento pela sua publicação online.
Face a esta sequência de factos, à importância dos mesmos e ao tratamento que estava a ser dado ao Cabo não existem condições para a minha continuidade na chefia do Grupo, uma vez que está em causa a dignidade e não existe qualquer
confiança reciproca, no Grupo, e deste no Cabo actual, não existe identificação entre o Grupo e o Cabo cessante.
A minha cessação de funções é assim imediata por não estarem verificados quaisquer pressupostos para a minha continuidade nem estar a ser cumprida a palavra e o acordo de cavalheiros, estabelecido na reunião de 16 de Setembro de 2011, na qual ficou estabelecido o meu comando, sem reservas até ao final do jantar.
Servi o Grupo de Forcados Amadores de Évora desde 1997 até à presente data sem nunca de ele me servir;
Fui Cabo desde o dia 28 de Junho de 2008 até à presente data, cumprindo diligentemente as minhas funções, sem nunca ter comprometido o nome e reputação do Grupo ou de algum dos seus elementos. Defendi, dentro e fora de praça, dentro e fora do contexto a Forcalidade e o Grupo de Forcados Amadores de Évora e seus elementos.
Coloquei o Grupo de Forcados Amadores de Évora na primeira linha da minha vida, primando pela boa educação, que tive e tenho. Nunca roubei, nunca traí, sempre fui fiel ao Grupo, seus componentes e convicções, sempre fui grato pelo estatuto que tinha e lugar desempenhado, embora com personalidade diferente e vincada, da maioria dos seus forcados.
Sempre enfrentei os problemas e as situações que apareceram como o faço em praça, de frente e de caras.
Parto de consciência absolutamente tranquila, com sensação de dever cumprido, com erros, que todos cometemos, assumidos e corrigidos.
Fecha-se forçosamente um círculo de quase 50 anos, outros surgirão e a História permanece e não se apaga.
Não posso nem quero deixar de agradecer todas as mensagens e telefonemas de apoio e de amizade de aficionados, amigos e sobretudo o apoio incondicional da minha família, preponderantes hoje e sempre na minha vida e mas minhas condutas.
Quero agradecer igualmente, de forma particular, as mensagens de apoio dos Cabos dos Grupos de Forcados Amadores de Santarém, Lisboa, Moura, Aposento da Chamusca, Queretaro, Beja e Académicos de Elvas.
O meu agradecimento ao Sr. Presidente do Sindicato Nacional dos Toureiros Portugueses, aos Exmos. Senhores Coronel José Henriques, Dr. António Amado, Eng. Luís Capoulas, ao Matador de Touros Enrique Fraga, Prof. Marco Gomes e todos os forcados, amigos, conhecidos e aficionados que se tem dirigido a mim durante este período.
A todos estou muito grato e com confiança absoluta no dia de amanhã.
Termino com uma alegoria, contada em jeito de história: existia no Sul de França, um homem com uma fortuna imensa e correspondente generosidade, pessoa simpática e simples, bondosa e atenciosa, certo dia resolveu promover um concurso de esculturas e construções na areia, na praia, para crianças, anunciou um prémio gordo e chorudo e a adesão foi superior às expectativas, crianças de toda a Republica Francesa vieram a esta pequena praia do Sul de França, acompanhadas pelos seus pais, na expectativa de ganhar o concurso, os infantes, o prémio e a consideração do rico senhor, os pais.
Perfiladas ao longo da praia, as crianças, imensas, fizeram os seus trabalhos na areia, para que o Magnata generoso avaliasse e atribuísse o prémio, lindas sereias, magníficos castelos, automóveis fórmula 1, dragões, dinossauros, pássaros exóticos, e no final, bem no fim e afastado desta confusão de esculturas, areia e crianças estava um pequeno rapaz, ranhoso e num pranto compulsivo, na sua frente estava um monte de areia, espezinhado e destruído com a pequena cana que o petiz transportava na mão.
O rico senhor chamou todos os participantes, pais, jornalistas para anunciar o vencedor. O espanto foi total quando proclamou vencedor o pequeno e sujo rapaz e a escultura, de ranho, pegadas e areia…
Questionado por um dos muitos jornalistas nacionais e internacionais, pelo motivo da escolha, o grande magnata sorriu e disse:
“Para que se habituem desde pequeninos às injustiças da vida…”
Évora, 26 de Outubro de 2011
Bernardo Salgueiro Patinhas