António Núncio já se distancia um pouco da linha da casa. Um toureio diferente e desembaraçado
João Moura reapareceu e triunfou. Paragem de dois meses não afectou prestação do toureiro
António Telles vinha de três grandes êxitos. Em Évora as coisas não correram como desejava, muito por culpa do oponente
Alegre, verdadeiro e clássico: Francisco Núncio!
Um dos bons momentos de Lupi que teve noite para esquecer...ou melhor, para recordar.
A história é simples de contar embora seja uma história com
pormenores de interesse e de emoções fortes.
Esta sexta-feira, na Arena d´Évora, perante meia casa, foi
prestada justa e merecida homenagem ao Califa, Mestre João Branco Núncio.
Do ponto de vista artístico gostamos das duas atuações dos
bisnetos de Núncio, Francisco e António, revelando o primeiro o verdadeiro
classicismo e o segundo um desembaraço cativante. Dois nomes a ter em conta e
para seguir com atenção nos próximos tempos.
Durante a noite foram lidados dois novilhos e quatro toiros
de Branco Núncio que cumpriram, tendo o último toiro da corrida regressado ao
campo, pois saiu “em beleza” ao jovem Lupi que não o soube aproveitar.
Após a participação dos bisnetos do Califa no festejo, foi
descerrada na praça uma placa invocativa da homenagem, com os familiares do
Mestre (netos, bisnetos) a agradecer a toda a aficion a admiração que ainda
nutrem por um homem que foi simplesmente diferente e revolucionou o toureio.
Na segunda metade do festejo as emoções voltaram a surgir.
Após queda a cavalo que o afastou das arenas por um período de cerca de dois
meses, apareceu em praça o génio de Monforte, João Moura.
Visivelmente emocionado, Moura brindou a sua atuação ao
público, aos filhos João e Miguel e ainda à sua mulher, Filipa Telles de
Carvalho e à sua filhota Madalena.
De lágrima no olho o maestro de Monforte reapareceu em forma
e pronto para a luta. Esteve bem e
triunfou.
António Telles vinha de três triunfos: Évora ( da anterior
corrida), Campo Pequeno e Vila Franca, mas na sua segunda passagem pela cidade
museu as coisas não correram de feição graças ao jogo oferecido pelo toiro que
se adiantava e dificultava as sortes ao toureiro da Torrinha.
Seguiu-se Francisco Núncio que esteve muito correto e deixou
em Évora uma réplica do toureio praticado por seu avô. Uma lide limpa,
comunicativa e de pormenores.
Fechou praça Manuel Lupi que perante o melhor da corrida
apresentou montadas que não souberam dar resposta. Cavalos atravessados com
direito a toques violentos originaram uma queda que, graças a Deus, não passou
apenas de um valente susto. Tal como Telles, não deu volta no final da sua atuação.
No que diz respeito às pegas a noite foi tranquila. Pelos
forcados de Évora pegaram Gonçalo Rovisco à segunda tentativa, depois, de cernelha, e
ao primeiro João Madeira e Cláudio Carujo, tendo fechado para os da cidade
museu Ricardo Sousa à terceira tentativa.
O Real Grupo de Forcados de Moura pegou dois toiros à
primeira tentativa, através Xavier Cortegano e Cláudio Pereira, fechando Valter
Carmo ao segundo intento.
Enquanto os campinos recolhiam a cavalo os toiros, cantou-se
sempre e bem o fado. Dois Núncios nas guitarras (portuguesa), mais outros dois
bons músicos acompanharam e bem Francisco Sobral que encantou tudo e todos com
temas taurinos.
Durante a homenagem os presentes também tiveram o prazer e
oportunidade de escutar o fado Mestre João Núncio. Bonito!
Dirigiu com acerto Agostinho Borges este festejo promovido
pela Toiros e Tauromaquia de António Manuel Cardoso “Nené”.